A inadimplência e os prazos da operação de troca devem afastar as cooperativas do leilão de sementes certificadas de soja que ocorre na sexta-feira (29/09) no Rio Grande do Sul. Segundo a Fecoagro, a tendência é de que a maioria não participe. Informações apresentadas, nesta semana, em encontro em Passo Fundo, indicam que 70% das 20 cooperativas que comercializam o produto não terão condições de atender às exigências determinadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Para ofertar, a empresa não pode estar devendo ao governo federal. A lista de exigências inclui negativas de débito de INSS, FGTS, Receita Federal e Dívida Ativa da União, entre outros, aponta o gerente de Operações da Superintendência da Conab, Gilson da Costa Pereira. "É preciso estar em dia com Sicaf, não estar no Cadin (Cadastro Informativo dos créditos não quitados de órgãos e entidades federais) e no Sircoi (sistema de controle de inadimplência da Conab). O edital, do último dia 21, determina compra de até 80 mil toneladas ao preço de abertura de R$ 0,65 O quilo. O produto substituirá variedades clandestinas nas propriedades.

O consultor técnico da Fecoagro, Ricardo Núncio, aponta um segundo entrave. Segundo ele, o prazo estabelecido pelo Mapa para a confirmação da aquisição pelo governo, de 16 de novembro, é longo demais, considerando o período de plantio no RS. "É um risco muito grande ficar com o produto parado até essa data, não se confirmar a demanda e aí não ter para quem vender." O mesmo motivo leva as indústrias sementeiras a duvidarem do sucesso do leilão, embora não haja dados concretos sobre a intenção de oferta." As empresas estão bastante descrentes quanto a um resultado positivo", disse o presidente da Apassul, Narciso Barison.
(Correio do Povo, 27/09/2006)
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