Cidade do Piauí é exemplo na preservação do peixe-boi marinho
2006-09-27
Há 10 anos, o município de Cajueiro da Praia, litoral do Piauí, abriga um projeto que serve de exemplo para o mundo em termos de preservação da espécie. O Projeto Peixe-Boi Marinho é executado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em co-gestão com a Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocínio oficial da Petrobras, parceria com a prefeitura e apoio da comunidade local. O projeto é o único no planeta onde é executado o monitoramento das espécies em mar aberto.
Primeiro município brasileiro a conceder o título de patrimônio natural ao peixe-boi marinho, Cajueiro da Praia registrou, em 2005, o nascimento de um filhote da espécie. Ao todo, nasceram no local quatro filhotes. Colaboradores do projeto e pescadores da região informaram aos técnicos e veterinários do Ibama a ocorrência de um parto registrado naturalmente, sem interferência humana, de fêmea nativa, a uma distância de cinco metros da linha de praia. O filhote nasceu com aproximadamente 1,30 m e a mãe é uma fêmea juvenil. O mamífero é o símbolo do lugar e foi adotado como Patrimônio Natural do município.
Segundo o analista ambiental da Área de Proteção Ambiental (APA) do Delta de Parnaíba, André Almeida, Cajueiro da Praia abriga um dos pontos de monitoramento do peixe-boi marinho. A sede do projeto fica em Itamaracá, Pernambuco. Lá, eles são monitorados em cativeiro. “Aqui o projeto é inovador porque a espécie encontra todas as condições de sobreviver em seu habitat natural, sem sofrer encalhe, quando fica presa na praia, ameaçada, porque no mar não há mais alimento para sua sobrevivência”, explicou. Inclusive a faixa litorânea do município de Cajueiro faz parte da APA do Delta e a existência no local desses dóceis animais se reproduzindo sem a interferência do homem foi um dos motivos para a criação da APA.
Os peixes-bois marinhos vivem no estuário do Rio Timonha e já foram vistos até na praia de Cajueiro, no mesmo município de Cajueiro da Praia. Almeida informou que não tem como precisar o número deles, pois não foram marcados. “Já foram vistos nove, mas sabemos, por estimativa, que há vinte e dois”, informou.
Além de evitar a extinção do peixe-boi, já ameaçado, a comunidade pode ainda, com um projeto de infra-estrutura, ativar o turismo da região.
(Por Márcia Cristina, Ibama, 26/09/2006)
http://www.ibama.gov.br/novo_ibama/paginas/materia.php?id_arq=4462