Governo de SP vê melhora na mata atlântica
2006-09-27
A Secretaria Estadual do Meio Ambiente divulgou ontem resultado parcial de um estudo do Instituto Florestal que aponta estabilização na área de vegetação da mata atlântica no litoral. Os dados mostram que, de 2001 a 2004, houve redução de 0,2% desse tipo de vegetação, cuja área caiu de 1.200.229,16 para 1.197.888,47 hectares. Mas o resultado não é visto com tanto entusiasmo por todos.
Segundo a pasta, entre 1991 e 2001, houve aumento de 2% da cobertura vegetal: de 1.176.565,63 para 1.200.229,16 hectares. “A redução dos últimos três anos é muito pequena”, disse o diretor de Reservas e Parques Estaduais do Instituto, José Luiz de Carvalho. Ele acredita que não há como reverter esse processo de manutenção e recuperação da mata remanescente.
Mas o geógrafo e diretor de Mobilização da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, acredita ser prematura essa conclusão. “É muita pretensão falar que está estabilizando. Houve diminuição da ação predatória, mas a pressão dos prefeitos e a especulação imobiliária podem fazer o desmatamento crescer a qualquer momento.”
Dados preliminares do projeto de revisão do Atlas dos Remanescentes da fundação, divulgados em 2005, mostram que o desmatamento na mata atlântica no País caiu 71%, entre 2000 e 2005. “Com relação ao litoral, a questão ainda é circunstancial. É a região onde há a maior especulação imobiliária. Tem de haver mais políticas públicas e responsabilidade nos loteamentos. O Estado segue abandonando parques”, disse Mantovani.
Carvalho, porém, afirmou que a fiscalização - por meio da polícia, do Instituto Florestal e do Departamento de Proteção de Recursos Naturais da secretaria - teve importância no resultado da pesquisa. “Houve investimento na conservação dessa áreas.” Ele citou outras duas razões para justificar a tese da estabilização. “As pessoas têm mais consciência de que são co-responsáveis pelo ambiente. E tem a questão financeira: agricultores perceberam que não vale a pena desmatar para fazer pasto.”
(Por Camilla Rigi, O Estado de S. Paulo, 26/09/2006)
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