A França, que deseja desenvolver a utilização do bioetanol, deverá se defender do etanol
brasileiro, a fim de proteger os interesses do setor e de seus produtores agrícolas, lembraram
ontem (26/09) fontes oficiais. "É preciso proteger o setor, embora respeitando as regras do
livre comércio internacional", disse ontem o ministro francês da Agricultura, Dominque Bussereau,
em viagem à Finlândia.
O etanol brasileiro busca há tempos mercados europeus. "Trata-se de uma ameaça importante para o
desenvolvimento dos biocarbonetos, e a solução dependerá das negociações na Organização Mundial
do Comércio (OMC) para estabelecer quotas de importação do etanol do Brasil, que já está às
portas da União Européia (UE)", advertiu o presidente do Instituto Francês do Petróleo (IFP),
Olivier Appert.
O Brasil é o principal produtor e exportador mundial de álcool de cana-de-açúcar. Cerca de 80%
dos novos automóveis vendidos estão atualmente equipados com motores flex.
"É ilógico que o álcool continue sendo, no mercado internacional, o único produto energético
protegido por elevadas tarifas aduaneiras", lamentou-se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
durante uma visita à França, em julho de 2005. Nesse ano, " a UE produziu 750 mil toneladas de
etanol para um consumo de 950 mil toneladas, contra 12 milhões de toneladas do Brasil. A
produção européia provém, essencialmente, da Espanha, Suécia, Alemanha e França", informou o
IFP.
Mas para a Europa "não existe interesse estratégico em reduzir a dependência no petróleo se for
para aumentar a dependência no etanol brasileiro", disse uma fonte. Hoje as importações de
etanol são submetidas ao direito aduaneiro, e "caso se leve em consideração os gastos com
frete, o preço do etanol brasileiro alcança aproximadamente o mesmo do etanol europeu",
explicou.
(
Gazeta Mercantil , 27/09/2006)