A profissão de catador de material reciclável foi regulamentada pela Classificação Brasileira
de Ocupações (CBO). Os direitos e benefícios, entretanto, ainda são pouco conhecidos. A
descrição da função diz que catam, selecionam e vendem materiais recicláveis como papel,
papelão e vidro, bem como materiais ferrosos e não-ferrosos e outros reaproveitáveis. E é isso
que fazem, de forma organizada, através de associações ou cooperativas, pelo menos 300
famílias dos vales do Taquari e Rio Pardo.
O coordenador das regiões, Fagner Antônio Jandrey (26), destaca que a maior parte dos
trabalhadores da área é mulher. "Além delas, são pessoas que não têm condições de trabalho,
que não conseguem um outro emprego", diz. A organização em grupos é o que tem melhorado o
trabalho e a rentabilidade dos profissionais que catam material reciclável. Eles estão
oficializados em Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Pantano Grande, Rio Pardo, Encruzilhada do
Sul. Em Lajeado existe a Associação dos Catadores Sepé Tiaraju, do Bairro Santo Antônio.
A entidade local, que existe há mais de um ano, é liderada por Catarina da Cruz Mentz (49). Há
três, no mercado, sentiu a necessidade da organização entre os trabalhadores. "Aqui nós nos
preparamos e só deixamos entrar no grupo quem está disposto a trabalhar junto, porque não
podemos cometer injustiças", ressalta. O grupo está inscrito no Movimento Nacional de
Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).
Carros especiais
As condições de trabalho dos catadores da associação foram melhoradas, desde ontem, com a
doação de 15 carrinhos de coleta novos. Os equipamentos foram construídos por filhos de
catadores de Gravataí, que são qualificados como serralheiros pelo projeto Cadeia Produtiva de
Reciclagem, realizado pelo MNCR com o apoio da Petrobras. Mais leves, em relação aos atuais,
têm maior capacidade, o que diminui a quantidade de vezes que devem ir até a sede da entidade
para descarregar. "Não temos hora para o trabalho, sempre que nos chamam a gente vai", conta
Catarina.
As 15 famílias do Santo Antônio arrecadam, em seu bairro e nos vizinhos, quatro carros de
material reciclável. A quantidade, em peso, é desconhecida, pois o grupo ainda não tem uma
balança para aferir. A estrutura é pequena, por isso, junto com o MNCR realizam campanha de
doação de material, que deve permitir a construção de um galpão, onde serão colocados os
materiais coletados. Assim que estiver pronto receberão uma prensa, que inclui o kit do
projeto Cadeia Produtiva de Reciclagem. Além dos carrinhos também ganharam equipamentos de
proteção individual. Os interessados em ajudar podem contatar pelo telefone 3714-5965.
Renda média é de R$ 200
O catador de material reciclável se organiza em associações e cooperativas. A maior parte, no
entanto, ainda está no mercado informal, o que lhe baixa renda e impossibilita benefícios como
os conquistados pelos integrantes da São Sepé. "Os trabalhadores devem se unir para conseguir
melhores condições", diz Fagner Jandrey. Os valores pagos por quilo de material foram
reduzidos, em alguns casos pela metade. Caso das garrafas PET, que chegaram a valor R$ 0,60 o
quilo e, hoje, são compradas a R$ 0,30. As latas de alumínio, que tem pequeno peso, valem R$
2,50 o quilo. Papelão e cobre estão nos pólos. O primeiro é o mais barato, R$ 0,10, e o metal
o mais caro R$ 8 por quilo. Essas quantias chegam a representar um ganho médio de R$ 200
mensais para os trabalhadores.
(Por Marcio Souza,
Informativo , 26/09/2006)