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2006-09-27
A profissão de catador de material reciclável foi regulamentada pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Os direitos e benefícios, entretanto, ainda são pouco conhecidos. A descrição da função diz que catam, selecionam e vendem materiais recicláveis como papel, papelão e vidro, bem como materiais ferrosos e não-ferrosos e outros reaproveitáveis. E é isso que fazem, de forma organizada, através de associações ou cooperativas, pelo menos 300 famílias dos vales do Taquari e Rio Pardo.

O coordenador das regiões, Fagner Antônio Jandrey (26), destaca que a maior parte dos trabalhadores da área é mulher. "Além delas, são pessoas que não têm condições de trabalho, que não conseguem um outro emprego", diz. A organização em grupos é o que tem melhorado o trabalho e a rentabilidade dos profissionais que catam material reciclável. Eles estão oficializados em Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Pantano Grande, Rio Pardo, Encruzilhada do Sul. Em Lajeado existe a Associação dos Catadores Sepé Tiaraju, do Bairro Santo Antônio.

A entidade local, que existe há mais de um ano, é liderada por Catarina da Cruz Mentz (49). Há três, no mercado, sentiu a necessidade da organização entre os trabalhadores. "Aqui nós nos preparamos e só deixamos entrar no grupo quem está disposto a trabalhar junto, porque não podemos cometer injustiças", ressalta. O grupo está inscrito no Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).

Carros especiais
As condições de trabalho dos catadores da associação foram melhoradas, desde ontem, com a doação de 15 carrinhos de coleta novos. Os equipamentos foram construídos por filhos de catadores de Gravataí, que são qualificados como serralheiros pelo projeto Cadeia Produtiva de Reciclagem, realizado pelo MNCR com o apoio da Petrobras. Mais leves, em relação aos atuais, têm maior capacidade, o que diminui a quantidade de vezes que devem ir até a sede da entidade para descarregar. "Não temos hora para o trabalho, sempre que nos chamam a gente vai", conta Catarina.

As 15 famílias do Santo Antônio arrecadam, em seu bairro e nos vizinhos, quatro carros de material reciclável. A quantidade, em peso, é desconhecida, pois o grupo ainda não tem uma balança para aferir. A estrutura é pequena, por isso, junto com o MNCR realizam campanha de doação de material, que deve permitir a construção de um galpão, onde serão colocados os materiais coletados. Assim que estiver pronto receberão uma prensa, que inclui o kit do projeto Cadeia Produtiva de Reciclagem. Além dos carrinhos também ganharam equipamentos de proteção individual. Os interessados em ajudar podem contatar pelo telefone 3714-5965.

Renda média é de R$ 200
O catador de material reciclável se organiza em associações e cooperativas. A maior parte, no entanto, ainda está no mercado informal, o que lhe baixa renda e impossibilita benefícios como os conquistados pelos integrantes da São Sepé. "Os trabalhadores devem se unir para conseguir melhores condições", diz Fagner Jandrey. Os valores pagos por quilo de material foram reduzidos, em alguns casos pela metade. Caso das garrafas PET, que chegaram a valor R$ 0,60 o quilo e, hoje, são compradas a R$ 0,30. As latas de alumínio, que tem pequeno peso, valem R$ 2,50 o quilo. Papelão e cobre estão nos pólos. O primeiro é o mais barato, R$ 0,10, e o metal o mais caro R$ 8 por quilo. Essas quantias chegam a representar um ganho médio de R$ 200 mensais para os trabalhadores.
(Por Marcio Souza, Informativo , 26/09/2006)

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