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2006-09-26
O conhecimento e o uso das plantas medicinais será incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em Imigrante, no Vale da Taquari. Restrito, até agora, aos chás e outros produtos preparados em casa, a prescrição de medicamentos fitoterápicos passará a ser feita pelos médicos e envolverá a produção de xaropes, sabonetes, elixires e outros compostos no próprio município. O projeto que prevê essas medidas foi debatido na última sexta-feira (22/09), em um seminário promovido pela Emater/RS-Ascar e Secretaria Municipal da Saúde, Assistência Social e Meio Ambiente.

As unidades de saúde pública de Imigrante já contam com atendimento de homeopatia e acupuntura e, segundo o secretário municipal Celso Kaplan, a idéia é oferecer medicamentos fitoterápicos também. “A medicina está muito voltada para a cura com produtos alopáticos e estamos desperdiçando o conhecimento popular, avalizado por pesquisas científicas, e a prática da prevenção das doenças”, afirma. Essa medida é possível desde o mês de maio, quando foi publicada no Diário Oficial a autorização para a inclusão de práticas de medicina alternativa no SUS. Uma das vantagens é redução das despesas. Em Imigrante, estima-se que a economia com a compra de medicamentos industrializados chegue a 30%, permitindo que os recursos sejam investidos em outras áreas da rede pública de saúde. O Governo Federal prevê verbas para investimentos nessa área e a administração municipal já está encaminhando o projeto para buscar o dinheiro.

O farmacêutico e especialista em fitoterapia SUS, Sérgio Lobato, explica que o trabalho com medicamentos fitoterápicos envolve uma série de cuidados com a produção, tanto das plantas medicinais, como dos compostos. Primeiro, é preciso que seja feito um levantamento das principais enfermidades que atingem e a população e as ervas mais indicadas e adaptadas ao clima da região. O cultivo das plantas pode ser feito por produtores cadastrados ou em um horto municipal. “O fundamental é que estejam livres de agrotóxicos ou outros tipos de contaminação. Outro ponto importante é a capacitação da população e dos agentes de saúde para atuar com os produtos fitoterápicos”, explica Lobato, responsável por um projeto semelhante em Balneário Camboriú (SC).

As plantas medicinais são usadas, tradicionalmente, no município. É comum o cultivo nos jardins e nas propriedades rurais e a Emater/RS-Ascar trabalha no resgate desse hábito, além de orientar a população sobre a identificação das espécies e a forma correta de utilização. “Muitas vezes, a forma de preparo acaba fazendo com o princípio ativo se perca”, esclarece a extensionista da Emater/RS-Ascar em Imigrante, Nair Marsotti. Diversas plantas encontradas no município estão cultivadas no horto municipal, identificadas por placas com nome popular.

No dia-a-dia da agricultora Maidi Röhsig, da Linha Ernesto Alves, as plantas medicinais estão sempre presentes. Na propriedade é possível identificar, com facilidade, mais de 30 espécies, como melissa, babosa, funcho, calêndula, espinheira santa, sálvia, alfazema, entre outras. Para cada uma delas, um uso diferenciado, identificado na cultura popular e nos cursos da Emater/RS-Ascar. Com a implantação dos fitoterápicos na rede pública de saúde, o que era um cultivo sem valor econômico poderá passar a ser uma nova fonte de renda. O município necessitará de matéria-prima e a produção plantas medicinais poderá ser incentivada. “Meu marido queria cortar parte dos pés de babosa, mas já avisei para ele que ainda pretendo ganhar dinheiro com elas”, diz, entusiasmada, Maidi.
(Por Leandro Brixius, Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar, 25/09/2006)
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