A perspectivas de aceleração das liberações de testes de campo para culturas transgênicas por parte da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) trouxe ânimo novo às indústrias de sementes que atuam no país. É o caso da anglo-suíça Syngenta Seeds, hoje a terceira maior empresa de sementes no mercado brasileiro, que quer avançar em pesquisas com sementes geneticamente modificadas e lançar novos produtos no país no curto prazo.
"A Syngenta está preparada para fornecer sementes transgênicas, tão logo a CTNBio libere os pedidos que estão na pauta", afirma Ademir Capelaro, diretor de pesquisas da empresa. O múlti aguarda a liberação do milho Bt-11, resistente a insetos, cujo pedido foi feito em 2000. Consta na pauta da comissão também a liberação do milho GA-21, outro resistente a insetos, e que teve seu pedido protocolado o ano passado.
Capelaro "vê com bons olhos" a aceleração das liberações no país, ainda que a tendência dependa do fim das divergências internas na própria CTNBio. A Syngenta realiza hoje no Brasil testes de campo com soja e milho tolerantes a herbicidas do grupo glifosato, e com sementes resistentes a insetos (Bt). As pesquisas são feitas nas unidades de Uberlândia (MG) e Cascavel (PR). A empresa também estuda fazer parceria com a americana Monsanto para desenvolver sementes resistentes ao glifosato Roundup (RR). "Já fizemos pesquisas, mas ainda não temos um acordo comercial que nos possibilite a venda desse material", afirma.
A Syngenta, segundo Capelaro, estuda desenvolver no Brasil pesquisas com sementes tolerantes à seca e com características nutracêuticas. O grupo avalia, ainda, a possibilidade de desenvolver no país pesquisas com milho transgênico com alto teor de açúcares para produção de etanol. Hoje essas pesquisas são desenvolvidas pela empresa apenas nos Estados Unidos.
O diretor observa que a demora para a liberação comercial de transgênicos no Brasil desestimula os investimentos em pesquisa no país. Nos EUA e na Argentina, por exemplo, a empresa comercializa variedades de milho e soja resistentes a insetos, tolerantes a herbicidas e com as duas características reunidas na mesma semente. No Brasil, vende apenas grãos convencionais.
Apesar das divergências internas, a CTNBio anunciou que pretende esvaziar sua pauta de pedidos de liberação. Ainda para este mês, a previsão é que o órgão decida sobre os pedidos de liberação comercial do milho Liberty Link, da Bayer(tolerante ao glifosinato de amônio), do Guardian, da Monsanto (resistente a insetos), e do Bt-11, da Syngenta.
(Por Cibelle Bouças,
Valor Econômico, 26/09/2006)