Nesta terça-feira (26/09), o Ambiente JÁ traz uma entrevista exclusiva com o candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Francisco Turra (PP).
Natural de Marau, Francisco Turra é formado em Direito e Comunicação Social. Foi prefeito do município, diretor do Banrisul, deputado estadual por dois mandatos, deputado federal e ministro da agricultura na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ambiente JÁ. O atual governo pretende unificar os órgãos ambientais do Estado. O que o senhor pensa sobre essa proposta?
Turra: Conforme nosso Plano de Governo, pretendemos sim é o fortalecimento das instituições SEMA, FEPAM e outras, descentralização das ações a nível de licenciamento ambiental.
Iremos fortalecer o Conselho Estadual de Meio Ambiente, elaborando a matriz intersetorial para os Estado integrando o planejamento do desenvolvimento com planejamento ambiental.
Ambiente JÁ: O maior projeto ambiental da história do Estado, o Pró-Guaíba, se arrasta por anos. Qual a sua proposta para finalmente concluí-lo? O que o candidato sabe a respeito do projeto?
Turra: Conforme nosso plano de governo, viabilizar a implantação das novas obras projetadas para o Programa Pró-Guaíba.
Ambiente JÁ: Conforme o IBGE, mais de 70% do Rio Grande do Sul é desprovido de saneamento básico. Sabendo que, ao deixar de investir nessa área, o Estado acaba gastando cinco vezes mais no tratamento de doenças, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, como resolver a questão?
Turra: Priorizar a implantação de redes de coleta e tratamento de esgoto cloacal, com vistas à preservação do meio ambiente.
Incentivar a formação de Parcerias Público-Privadas no setor de saneamento, objetivando ampliar, principalmente, as coberturas de sistemas de esgotamento sanitário nas diversas cidades gaúchas.
Ambiente JÁ: O Rio Grande do Sul, em especial a região do Pampa, está recebendo investimentos do setor da silvicultura que podem alcançar a cifra de US$ 3 bilhões. No entanto, a chegada das empresas do setor é mal-vista no meio ambientalista. O que o senhor pensa a respeito?
Turra: Licenciar as atividades através de estudos ambientais criteriosos, em busca do desenvolvimento sustentável.
Compatibilizar culturas tradicionais com silvicultura e efetivas o respeito do futuro zoneamento ambiental.
Realizar o segundo inventário florestal contínuo do Rio Grande do Sul, que nunca foi posto em prática.
Ambiente JÁ: Qual será a política de seu governo em relação à implantação de novas usinas termelétricas e hidrelétricas?
Turra: Incrementar a produção de energia em solo gaúcho, através do incentivo de programas que visem à diversificação da matriz energética, pela implantação de novas tecnologias e mecanismos de desenvolvimento limpo, como por exemplo geração de energia eólica e utilização de biomassa em propriedades rurais.
Ambiente JÁ: Há críticas de que os processos de licenciamento ambiental vem sendo apressados para agilizar empreendimentos, sob o argumento da geração de emprego e renda. O senhor considera a questão ambiental como um entrave ao desenvolvimento?
Turra: Vamos consolidar um trabalho de fomento técnico para que os municípios que ainda não licenciam as atividades venham a fazê-lo, como forma de agilizar processos e qualificar a política estadual do meio ambiente.
Consolidar a licença ambiental como principal instrumento de prevenção e participação da sociedade no processo decisório, visando o desenvolvimento econômico de forma sustentável, ou seja, em harmonia com a cultura, a sociedade e o meio ambiente.
Ambiente JÁ: O senhor (a) pretende criar novas Unidades de Conservação? Se sim, quais?
Turra: Priorizar a regularização fundiária nos imóveis privados abrangidos por UCs.
Criar UC do Bioma Pampa;
Criar Ucs nas Missões, em virtude da espécie endêmica de relevante valor ecológico (espécie arbórea Pau Ferro) ;
Manter, implantar e criar UCs em parceria com União e municípios em todos os biomas representativos do Estado, ligando-os aos corredores ecológicos em parceria com proprietários dos respectivos imóveis e criar a primeira UC Binacional do Rio Grande do Sul, unindo o Parque Estadual do Turvo à Reserva Ecológica da Argentina, na outra margem do Rio Uruguai.
Ambiente JÁ: O que o candidato (a) pensa a respeito do carvão mineral na matriz energética do Estado?
Turra: Fomentar o uso de energias menos poluentes para os transportes, como por exemplo biodiesel, gás natural e outros.
Ampliar a distribuição do gás natural para consumo industrial, doméstico e veicular.
Incentivar a exploração de carvão como meio de promoção do desenvolvimento das regiões onde se localizam as jazidas.
Ambiente JÁ: Que ações seu governo desenvolverá pra estimular a implantação de energias alternativas?
Turra: Fomentar o usos de biodigestores para resíduos da suinocultura, bem como para a rizicultura (casca de arroz).
Incentivar a criação de outros Parques Eólicos (Parcerias Público– privadas).
Priorizar o uso de gás natural para o abastecimento energético nas atividades industriais, comerciais, bem como para uso residencial e na agropecuária.
Ambiente JÁ: Que ações específicas seu governo pretende desenvolver em relação à educação ambiental?
Turra: Incentivar o desenvolvimento de “tecnologias limpas”, eficiência energética e reaproveitamento de matérias-primas, a fim de reduzir a geração de resíduos e o consumo de recurso naturais na indústria e comércio e prestação de serviços.
Implantar definitivamente a educação ambiental no currículo escolar para todas as escolas do Estado e universidade.
A série de entrevistas com os candidatos ao governo Rio Grande do Sul encerra-se hoje. Os candidatos Edson Souza (PV), Roberto Robaina (PSOL), Guilherme Giordano (PCO), Beto Grill (PSB) e Pedro Couto (PSDC) foram procurados durante duas semanas pela equipe do AmbienteJÁ, mas não responderam às perguntas.
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