A lei municipal que deveria coibir o fumo em bares, restaurantes e botecos de Porto Alegre não
saiu do papel. Fumantes e os que não suportam a fumaça do cigarro só terão uma solução depois
das eleições.
A lei antifumo foi aprovada em julho, mas não pôde ser aplicada devido a confusões de
interpretação. A Câmara de Vereadores decidiu reavaliar a legislação, mas o autor do projeto,
João Carlos Nedel (PP), não tem esperança de que haja debates antes das eleições.
Nedel quer mudar a lei, que prevê punição apenas aos comerciantes. O estabelecimento que não
reservar uma sala exclusiva para fumantes poderá ser multado no equivalente a R$ 414,38.
Se reincidir, permitindo o fumo em áreas coletivas, poderá ter o alvará de funcionamento
cassado. Para o autor do projeto, o fumante também deve ser responsabilizado.
As dúvidas em torno da lei amarraram os fiscais da Secretaria Municipal da Produção, Indústria
e Comércio (Smic). O titular da Smic, Idenir Cecchim, anunciou que vai esperar a posição dos
vereadores:
- Leis devem ser cumpridas, mas, como os vereadores resolveram analisar, vamos aguardar.
Cópia da lei foi entregue a donos de restaurantes
Cecchim disse que aplicou uma fiscalização diferente, distribuindo a cópia da lei aos donos de
bares e restaurantes. Em um levantamento por amostragem, constatou três situações. Alguns
estão se adaptando à nova regra, instalando recintos para fumantes. Outros vão apostar na
impunidade. A terceira categoria, a dos pequenos bares, não tem espaço físico nem condições
econômicas para se ajustar.
Indiferente às indefinições da lei, o proprietário da Churrascaria Santo Antônio, Jorge Aita,
criou uma área privada para fumantes, com porta e ventilação, longe dos que não toleram
fumaça. O investimento preveniu atritos.
- Os fumantes estão à vontade e não incomodam quem não fuma - disse Aita.
Contraponto
O que diz Maria Isabel Nehme, diretora-executiva do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e
Similares de Porto Alegre:
"Os estabelecimentos com mais de cem metros quadrados de área já estavam se adaptando à
legislação anterior. Participamos da elaboração do projeto de lei, mas não achamos justo que
as multas recaiam sobre os comerciantes. Estamos dispostos a colaborar na orientação dos
freqüentadores."
(
Zero Hora
, 25/09/2006)