Avançava a noite na Câmara Federal, no início do mês. Na última sessão antes da reta final da
campanha, o presidente da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), Sereno
Chaise, acompanhava uma votação crucial para resgatar a usina de Candiota do limbo de quase 30
anos.
Sem a homologação de acordo de financiamento com a China, o projeto pararia. Quando a lista de
acordos - o de Candiota era o último - se aproximava do fim, a oposição ameaçou pedir
verificação de quórum.
A situação foi contornada com a ajuda de políticos de vários partidos, para vencer a última
etapa burocrática do processo. Um quarto de século depois, havia sinal verde para a construção
de mais uma usina de carvão no Estado, onde estão quase 90% das reservas nacionais do mineral.
Hoje, com a visita de Lula, pela primeira vez desde que começou a longa expectativa com a
térmica, um presidente se compromete com a conclusão, fazendo o lançamento da pedra
fundamental.
- Nunca esteve tão perto de acontecer como agora, o que não garante que vai acontecer -
observa o especialista Paulo Milano.
Avaliação semelhante tem o prefeito de Candiota, Marcelo Menezes Gregório (PMDB):
- Faz mais de 20 anos que vivemos essa expectativa.
Os 350 megawatts de capacidade de geração da Fase C de Candiota, no Sul do Estado,
correspondem a cerca de 10% da demanda média dos gaúchos. Além de representar mais energia
disponível, a fonte termelétrica aumenta a segurança para os períodos de seca.
Como a usina saiu do papel
> Em dezembro de 2005, a CGTEE participou de um leilão do governo e conseguiu vender a energia
que seria gerada por Candiota.
> O próximo passo foi a assinatura dos contratos de fornecimento com as 31 distribuidoras que
compraram energia de Candiota.
> Para construir a usina, orçada em mais de R$ 1 bilhão, a CGTEE obteve financiamento do China
Development Bank. Mas para poder contratar esse empréstimo, precisou de autorização da
Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
> Para validar o acordo assinado com as empresas chinesas, foi necessária a homologação na
Câmara dos Deputados e no Senado, o que só foi feito na noite de 5 de setembro.
O novo nome
Em vez de Candiota 3, a usina se chamará Fase C da Termelétrica Presidente Médici. Será
instalada ao lado de duas já existentes: chamadas de A (1974) e B (1986).
(
Zero
Hora, 25/09/2006)