Falta de conhecimento sobre crédito de carbono emperra financiamentos
2006-09-22
A falta de conhecimento sobre normas técnicas e exigências internacionais estão gerando
dificuldades para a elaboração de projetos de créditos de carbono e, conseqüentemente, a
conquista de financiamento para a sua implementação. "Temos linhas de créditos sem limites
para investimentos em mercado de carbono, mas não utilizamos porque a maioria dos projetos não
é aprovada", disse Hajime Uhida, diretor comercial do banco Sumitomo Mitsui Brasileiro, que
participou ontem (21/09) da 6ª Conferência Latino-Americana sobre Meio Ambiente e
Responsabilidade Social, realizada em Belo Horizonte (MG).
O mercado de créditos de carbono foi um dos temas mais abordados durante os três dias de
conferência em Minas Gerais.
Durante o evento, a Arcelor, uma das principais siderúrgicas do País, que produz 10 milhões de
toneladas de aço e gera 3,7 milhões de toneladas de resíduos e co-produtos, anunciou que já
está investindo em Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL). A decisão em investir nos
projetos de MDL faz parte do programa de gestão ambiental da companhia, que foi adotado depois
que a empresa começou a dar destinos ecologicamente corretos aos rejeitos da produção
industrial.
Agora, os resíduos do processo siderúrgico são reaproveitados no próprio processo produtivo ou
comercializados para setores como indústria de cimento, cerâmica e pavimentação rodoviária. A
venda desses produtos representa para a Arcelor uma receita média anual em torno de US$ 45
milhões.
"Estamos com quatro projetos de MDL na ONU (Organização das Nações Unidas), sendo que, um já
está aprovado", contou o presidente da siderúrgica no Brasil, José Armando Campos. "Temos um
considerado o mais importante e inédito, que recupera os gases que são formados na fabricação
do aço na Aciaria, em Serra (ES)", detalhou o executivo. Os quatro projetos da Arcelor Brasil
deverão gerar 11 milhões de toneladas de CO2 em créditos ao longo de 10 anos.
Na conferência, a Celulose Irani também anunciou a sua participação em créditos de carbono. O
projeto de MDL da companhia foi desenvolvido pela Ecosecurities, uma das maiores empresas do
mundo no segmento de originação, desenvolvimento e negociação de créditos de carbono. A Irani
é responsável por projetos de cogeração de energia elétrica a base de biomassa, desenvolvidos
na fábrica de papel em Vargem Bonita (Santa Catarina).
Outras empresas já planejam outras formas de aquisição de carbono como é o caso do uso de
resíduos florestais e industriais para produzir biomassa.
(Por Ivonéte Dainese, Gazeta
Mercantil, 22/09/2006)
http://www.gazetamercantil.com.br/integraNoticia.aspx?Param=9%2c0%2c1%2c217515%2cUIOU