O uso indiscriminado de agrotóxicos é o principal problema de saúde do trabalhador em pelo menos 16 estados. Entre as 19 unidades da Federação consultadas - as demais devem apresentar relatórios até o final do ano - apenas Santa Catarina, Amapá e Mato Grosso não listaram o uso destes produtos entre os principais fatores de risco à saúde dos trabalhadores no campo.
A consulta foi feita pelo Ministério da Saúde para definir ações prioritárias na área em cada unidade federativa. O trabalho dá continuidade às discussões da 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, realizada em novembro do ano passado.
Após o encontro, que aprovou 362 deliberações, o ministério iniciou uma série de reuniões com especialistas e representantes de movimentos sociais nos estados para definir as prioridades. Mesmo sem ser apontado com prioridade em Santa Catarina, Amapá e Mato Grosso, o agrotóxico pode ser considerado um problema nacional, segundo o coordenador da Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Marco Antonio Pérez.
O coordenador disse que, há cerca de 20 anos, o uso indiscriminado desse tipo de insumo era um problema restrito às regiões Sul e Sudeste e parte do Nordeste. Segundo Pérez, com a expansão das fronteiras agrícolas e com o desenvolvimento da agroindústria, houve um incremento do uso de agrotóxicos no Centro-Oeste e no Norte.
- Hoje a gente pode dizer que o agrotóxico é um problema nacional, disseminado em praticamente todos estados brasileiros - avaliou Pérez, que participa do 2º Encontro Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador, em Brasília.
De acordo com ele, a estimativa é que, a cada ano, 5 mil brasileiros - grande parte deles trabalhadores rurais - sejam afetados por agrotóxicos.
No entanto, as estatísticas oficiais ainda são distantes da realidade, afirmou o coordenador.
(
Diário Catarinense, 21/09/2006)