A mesma lei que defende, prejudica. Assim o pesquisador de recursos florestais da Epagri de Lages, Constâncio Bernardo, explica o encolhimento da área plantada com araucárias no Estado. Como a legislação rigorosa impede o corte da árvore nativa, o plantio fica restrito a poucos empresários.
O longo tempo de produção - a árvore leva no mínimo 40 anos para ficar adulta - também estimula a migração para o pinus e eucalipto. Comercialmente, portanto, a araucária só vale pelo pinhão. A madeira é nobre, mas a árvore não pode ser derrubada. A menos que o produtor prove que as árvores não são nativas, e sim, plantadas por ele, com base na logística do alinhamento.
Outra possibilidade é o corte de até 15 metros cúbicos, ou 20 árvores. Isso se elas não estiverem em Área de Proteção Permanente (APP), e se a madeira não for usada para fins comerciais. A madeira tem que retornar para a propriedade, para construção de casas ou galpões.
A araucária pode não ter valor comercial direto, mas nem por isso deixa de ser fundamental. Ela melhora as condições ambientais, protege o solo da erosão e das cheias. Para fins de preservação, o plantio é recomendado em margens de rios como forma de recomposição.
O pesquisador da Epagri acredita que a população está mais consciente com relação à necessidade de proteger a araucária, inclusive denunciando derrubadas ilegais.
Na Serra Catarinense, não há um megaprojeto nesse sentido. A Epagri tem um programa de distribuição de mudas a estudantes e pequenos produtores. Só neste ano, foram espalhadas mais de 20 mil. De cada 10, a esperança é que três virem árvores.
A araucária é uma planta nativa existente em abundância no Sul do Brasil e em pontos isolados do Sudeste com mais de 500 metros de altitude. Uma árvore pode viver mais de 300 anos e chegar a mais de 50 metros de altura.
(Por Pablo Gomes,
Diário Catarinense, 21/09/2006)