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2006-09-22
A licitação para investimentos em um protótipo de geração de energia a partir das ondas do mar, no Ceará, deve acontecer até o fim do ano. O secretário estadual de Infra-Estrutura, Luiz Eduardo Barbosa de Moraes, calcula que o equipamento esteja instalado e em operação dentro de oito meses, a contar do processo de licitação. O investimento total é da ordem de R$ 4,5 milhões, com os custos divididos entre a Eletrobrás, o Governo do Ceará e o Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).

"Trata-se de um projeto experimental, que não vai influir do ponto de vista da geração de energia elétrica. Serão instalados no Pecém dois módulos geradores, que irão produzir 50 kilowatts. Vamos estudar a viabilidade econômica do projeto para saber se vale a pena investir no futuro", comenta.

Segundo o professor de Estruturas Oceânicas do Coppe/UFRJ, Segen Estefen, o Ceará tem um potencial de aproximadamente cinco gigawatts de geração de energia das ondas. O especialista diz que um dos diferenciais do Estado, em relação a outros, está na freqüência das ondas durante o ano todo, mesmo sendo mais baixas que as do Sul do País. Segen participou do painel sobre geração elétrica a partir das ondas no último dia do Fórum e Exposição das Energias Alternativas do Brasil (Power Future 2006), encerrado ontem.

Um dos aspectos que se busca com o projeto é a redução dos custos de geração de energia das ondas, semelhante ao que aconteceu com a eólica. Segen conta que para se produzir um megawatt de eólica hoje é preciso investir de US$ 1,5 milhão a US$ 2 milhões, quando há 10 anos o custo era até quatro vezes maior que os atuais.

O professor explica que do investimento no projeto, R$ 3,6 milhões serão destinados para a implantação dos dois módulos geradores (50% do valor) e para monitoramento do desempenho dos protótipos nos 24 meses seguintes. Somente ao final do processo será possível chegar a uma versão comercial dos equipamentos. "Estamos em fase de pesquisa. O processo de implantação demora e os custos são altos no início, mas depois baixam", completa.

Segen explica que a geração de energia através das ondas ainda está iniciando, embora já existam projetos mais avançados pelo mundo. Diferente da energia eólica, que hoje está chegando em um grau de maturidade. A vantagem desse tipo de energia, afirma o professor, é que os recursos continuarão existindo enquanto houver planeta. A única exigência, observa, é a necessidade de investimentos para ter retorno. "É bom que se tenha em mente que estas são energias complementares, não hegemônicas. O Brasil vai estar bem daqui a uns anos se souber lidar com todas elas", avalia.

Os protótipos de geração de energia a partir das ondas do mar são o pontapé inicial de um projeto maior, conforme Segen. O professor conta que atualmente a Eletrobrás está analisando uma proposta da Coppe/UFRJ para criação de um Plano Nacional de Energias Renováveis do Mar, com projetos de pesquisa e inovação de duração de cinco anos e custos estimados em R$ 16 milhões. A expectativa é que uma resposta saia ainda este ano.

"Na semana passada o presidente da Eletrobrás, Aloísio Vasconcelos Novais, fez sinalizações positivas para com a criação de uma usina de ondas em Búzios, no Rio de Janeiro, o que já é um bom indicador", comenta.

O professor deixa claro que é difícil saber que o espaço a energia das ondas poderia ter dentro da matriz energética do Brasil. Ele estima que se hoje a matriz é da ordem de 100 gigawatts, o segmento de ondas do mar pode representar entre 10% e 15% em um período de cinco a 10 anos. "Mas isso desde que haja um programa forte por trás, como um Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) que inclua as ondas do mar", conclui.
(Por Claude Bornél, O Povo – CE, 21/09/2006)
http://www.opovo.com.br/opovo/economian/631722.html

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