Conselho Mundial alerta para escassez de água potável no continente africano
2006-09-22
Num continente onde 300 milhões de pessoas não têm acesso a água potável, cada vez é mais premente encontrar novas fontes, através de novas tecnologias, alertou ontem (21/09) o director do Conselho Mundial da Água, Loic Fauchon. A África sub-sahariana, com excepção de poucos países, não está a conseguir cumprir as metas que a ONU definiu nos Objectivos do Milénio, ou seja, reduzir para metade o número de pessoas sem acesso a água potável ou saneamento básico até 2015.
“África representa 24 por cento da superfície terrestre mas tem apenas nove por cento dos recursos hídricos do planeta”, lembrou Fauchon. “Isso significa que precisamos melhorar a capacidade para encontrar outras fontes de água, talvez com novas técnicas. Precisamos ajudar África a retirar água a maiores profundidades, à semelhança do que se faz para o petróleo e gás”.
Fauchon falava à margem da cimeira “Africities” em Nairobi, onde autarcas e gestores estão reunidos para encontrar soluções para os problemas causados pelo aumento populacional nas cidades africanas.
O responsável disse que os obstáculos ao cumprimento das metas da ONU são financeiros, institucionais e de “know-how”. “As verbas dedicadas à água e saneamento são ridiculamente baixas”, criticou, acrescentando que apenas cinco por cento da ajuda pública e seis por cento dos investimentos são alocados para projectos naquelas áreas. “Isto é um erro económico”.
Centenas de delegados que participam na cimeira em Nairobi incentivaram as cidades africanas a procurarem fundos ambientais para financiar melhores sistemas de transporte e de abastecimento de água potável. Segundo a ONU, ao nível dos projectos de transportes sustentáveis, apenas Dar es Salaam, na Tanzânia, aproveitou os fundos ambientais para criar um sistema de transportes públicos.
“As ruas e infra-estruturas de demasiadas cidades africanas estão a encher-se de automóveis, levando ao aumento dos níveis de poluição do ar e a impactes na economia”, comentou Achim Steiner, director-executivo do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnua). “África deveria olhar para os erros cometidos em continentes como a Europa”, disse, acrescentando que “construir cada vez mais estradas pode ser caro e trazer só benefícios a curto prazo”.
(Reuters, 21/09/2006)
http://ecosfera.publico.pt/noticias2005/noticia5618.asp