No Dia da Árvore, Pelotas tem pouco a comemorar
2006-09-22
No Dia da Árvore, comemorado nesta quinta-feira (21/09), Pelotas tem pouco a festejar. A
cidade está longe dos índices mínimos da vegetação ideal. Enquanto a Organização Mundial de
Saúde (OMS) determina a média de 15 metros quadrados de área verde por habitante como ideal,
Pelotas possui apenas 4,73 metros quadrados - menos de um terço da área indicada. O
principal obstáculo é a falta de políticas de plantio.
Para o professor de Botânica da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Rogério Ferrer, a
cidade precisaria plantar entre cinco e dez mil árvores por ano, num período de até 20 anos,
para atingir a orientação da OMS. “A questão é muito mais institucional. É preciso
estabelecer uma meta e que o assunto seja priorizado. Do contrário não obteremos
resultados”, pontuou.
Segundo o diretor do Horto Municipal, vinculado à Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA), o
engenheiro agrônomo Paulo Ricardo Faraco, a arborização já teve dias melhores. O ápice foi
em 2003, ano em que foram plantadas seis mil espécies. No entanto, o período de estiagens
associado à falta de investimentos fez com que no ano passado o total não ultrapassasse mil
plantios. Como exemplo, cita a rua Santa Tecla, onde há dois anos foram plantadas 140 mudas
de ipê. Hoje restam apenas 37. “Temos uma perda muito grande. Precisamos de uma equipe que
monitore regularmente todas as áreas verdes da cidade”, disse.
Possibilidades e obstáculos
Embora possua corredores ecológicos (ruas e avenidas arborizadas), a implantação de parques
efetivos nos bairros é apontada pelos especialistas como a solução ideal para o problema.
Espaços não faltam. O vazio entre o bairro Cruzeiro e o Laranjal seria uma das alternativas.
As margens do canal São Gonçalo são apontadas como um dos locais ideais, já que a
arborização também evitaria a erosão. Outra alternativa seria o plantio em canteiros
centrais de grandes avenidas, como a Fernando Osório, Juscelino Kubitschek de Oliveira e
Ferreira Viana. “Como o concreto e o asfalto aumentam a temperatura, a presença de vegetação
contrabalançaria este excesso”, afirmou o professor de Botânica Rogério Ferrer.
A região central é apontada como a mais problemática, em razão do traçado urbano possuir
ruas e calçadas estreitas, com fiação baixa e casas comerciais incompatíveis. Outro ponto
negativo é que, embora possua 250 áreas verdes e praças, apenas 10% desse todo está
arborizado. Também há grande carência de espécies que comportem aves e fauna. “O grande
número de pombos no Calçadão é conseqüência disso; eles não têm para onde ir, as poucas
praças estão lotadas”, exemplifica Faraco.
DICAS DE PLANTIO
É preciso ficar atento às dicas de plantio. A Lei Municipal 4.428, de 1999, determina que a
poda de árvores seja feita com autorização da prefeitura. O não-cumprimento poderá acarretar
multa de até R$ 500,00. Veja:
- nunca plante árvores debaixo de fiações elétricas,
- informe-se antes do plantio; opte por árvores de pequeno porte que não ultrapassem quatro
metros de altura,
- para plantio em calçadas, os canteiros devem ter diâmetro superior a um metro quadrado,
- prefira espécies como extremosa, hibiscos, chale-chale, ipê amarelo, aroeira da praia,
seringueira e pata-de-vaca,
- evite o plantio de salso chorão, plátano, álamo e falsa seringueira,
- 3284-4446 é o número de atendimento da SQA para a solicitação de mudas de árvores e
pedidos de poda à prefeitura.
OS BENEFÍCIOS DE UMA CIDADE ARBORIZADA
Calor
Ao transpirar, as árvores perdem pelas folhagens a água absorvida do solo pela raiz, o que
faz com que as temperaturas fiquem menos elevadas.
Poluição
Com a fotossíntese, as árvores absorvem o gás carbônico do ar, liberando mais oxigênio na
atmosfera. Conseqüentemente, as taxas de poluição caem.
Barulho
Agrupadas, as copas das árvores formam uma espécie de barreira contra ruídos, atuando contra
a poluição sonora.
(Por Daniel Vasques, Diário Popular, 21/09/2006)
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