Investimentos em papel e celulose deverão somar R$ 20 bilhões até 2010
2006-09-21
A indústria de papel e celulose no Brasil vive um novo ciclo de expansão, impulsionado pela crescente demanda dos mercados interno e externo. Segundo projeções da área de Insumos Básicos do BNDES, os investimentos no setor de papel e celulose deverão crescer, em média, 17% ao ano no período 2007/2010, em relação a 2002/2005. Isso equivale a inversões da ordem de R$ 20 bilhões no período, montante sem precedentes na história do setor. Desse total, o BNDES deverá financiar cerca de R$ 11,7 bilhões.
A estimativa será detalhada pelo presidente do BNDES, Demian Fiocca, que se reuniu ontem (20/9), com empresários do setor de papel e celulose. A reunião foi a primeira de uma série de encontros promovidos pela diretoria do Banco com lideranças empresariais de diferentes setores econômicos.
A conjuntura favorável já se reflete em novos investimentos em papel e celulose no país. Em 2006, os desembolsos do BNDES no setor deverão somar cerca de R$ 2,2 bilhões, com crescimento de 69% na comparação com R$ 1,3 bilhão liberados em 2005. Nos primeiros oito meses deste ano, o Banco aprovou financiamentos de R$ 3 bilhões para projetos à expansão da produção de papel e celulose, com investimentos de R$ 5,5 bilhões.
As perspectivas são muito positivas para os produtores de fibra curta de eucalipto, localizados no hemisfério sul, em função de seu menor custo de matéria-prima, o que vem ocasionando o fechamento de fábricas menores e de custo mais elevado na América do Norte e Europa; e a substituição do uso de fibra longa por fibra curta pelos fabricantes de papel no mundo. Há ainda o forte crescimento do mercado chinês, que conta com parque industrial papeleiro com grande capacidade de produção, mas com baixa disponibilidade interna de celulose (matéria-prima do papel).
Altamente competitivo, o Brasil é o sétimo maior produtor mundial de celulose de todos os tipos, sendo o primeiro em celulose de fibra curta de mercado. As vendas das empresas brasileiras de celulose de mercado atingiram 6 milhões de toneladas em 2005, das quais 5,2 milhões de toneladas destinadas à exportação. O superávit comercial do setor de celulose foi de US$ 1,8 bilhão no ano passado, resultado de exportações de US$ 2 bilhões e de importações de US$ 200 milhões.
A produção brasileira de papel atingiu 8,6 milhões de toneladas em 2005, correspondendo a 2,3% da produção mundial. O superávit comercial do setor de papel foi de US$ 717 milhões em 2005, com exportações de US$ 1,4 bilhão e importações de US$ 654 milhões.
Um desafio para o país é manter essa competitividade, o que demandará investimentos adicionais em desenvolvimento tecnológico, além do crescimento das escalas de produção. Neste sentido, o BNDES criou linhas de financiamento para gastos em Inovação e reduziu substancialmente os custos de seus empréstimos. Os spreads para investimentos em geral caíram de 3% para 2% ao ano, enquanto que os spreads para bens de capital foram reduzidos de 3% para 1,5% ao ano. A participação de moeda estrangeira nos financiamentos do BNDES caiu de 30% para 10%. Além disso, por decisão do governo, a TJLP diminuiu de 9,75% para 7,5% ao ano.
(Envolverde, 20/09/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=22671