Petrobras explora o Golfo em busca de status internacional
2006-09-21
A descoberta de petróleo pela britânica BP no campo de Kaskida, no Golfo do México, anunciada na semana passada, foi comemorada no número 100 da Avenida Chile, endereço da sede da Petrobras no Rio de Janeiro. O mesmo ocorreu com a confirmação da comercialidade das reservas descobertas pela americana Chevron no campo de Jack, na mesma região. Curiosamente, o sucesso de duas das chamadas sete irmãs do petróleo - como eram conhecidas até há bem pouco tempo as maiores operadoras do mundo - serviram para evidenciar o sucesso da petroleira brasileira em terras (ou águas) americanas.
O presidente da Petrobras América, Renato Tadeu Bertani, justifica que, ao encontrar petróleo em águas profundas americanas, a BP e a Chevron aumentaram a certeza de que a Petrobras encontra-se no caminho certo para alcançar a maturidade como operadora internacional, um status conferido para quem alcança sucesso no Golfo do México, região do planeta cujas águas são espetadas por plataformas à serviço das mais importantes petroleiras mundiais.
Desde que foi fundada em 1987, a Petrobras América nunca se viu diante de metas tão ambiciosas como agora. Entre 2007 e 2011, a subsidiária mais importante da Petrobras no mundo vai investir US$ 2,7 bilhões nos EUA, só na área de exploração e produção. Este ano, já serão aplicado US$ 450 milhões, US$ 145 milhões a mais do que o aportado em 2005 e 200% acima do investido em 2004. Ainda nanica na América, a empresa prepara um salto, em 2007, de sua extração diária, hoje limitada a 6 mil barris, para 27 mil barris, com a entrada em produção do campo de Cotton Wood, no 1º trimestre.
Com reservas provadas consideradas modestas no mundo do petróleo, de 36 milhões de barris, a Petrobras vislumbra uma produção de 100 mil barris diários no Golfo do México, em 2013. Tudo isso graças a uma carteira de 287 blocos, dos quais 80 na Província petrolífera de Chorpus Christy, no Extremo Oeste do Golfo do México. Considerada uma espécie de nova fronteira em uma região explorada quase à exaustão em sua porção mais rasa, Chorpus Christy tornou-se fonte pródiga de esperança para a Petrobras na América.
Lá, localiza-se o campo de Andrômeda, cujo poço perfurado a 6,5 mil metros de profundidade tem mobilizado as expectativas dos técnicos da companhia. Primeiro a ser explorado só pela Petrobras no Golfo, Andrômeda é um exemplo de como a tecnologia da empresa representa divisor de águas nas atividades exploratórias da região. Rejeitado por operadoras experientes, por supostamente não apresentar grandes resultados a 4 mil metros de profundidade, se viu repentinamente valorizado pelos resultados alcançados pela Petrobras.
Se tudo correr conforme o esperado, o óleo extraído do Golfo seguirá para a refinaria de Pasadena, operada a partir de agora em parceria com a belga Astra. Segundo o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, o objetivo é vender a produção nos EUA, o maior sorvedouro de combustíveis fósseis do mundo.
Ontem, a Petrobras anunciou a contratação de duas sondas para águas ultra-profundas, destinada às operações de perfuração no Golfo. Os contratos foram assinados com a Larsen Oil Company e a Sevan Marine ASA.
(Por Ricardo Rego Monteiro, Gazeta Mercantil, 21/09/2006)
www.gazetamercantil.com.br/integraNoticia.aspx?Param=9%2c0%2c1%2c214800%2cYTRE