Diferentemente do esperado por sojicultores, o troca-troca de grãos próprios por sementes
certificadas terá limite de 5 mil quilos de soja por produtor, o suficiente para cultivar cem
hectares. A restrição foi criticada por agricultores e sementeiros gaúchos. As regras definitivas
do programa foram divulgadas terça-feira (19/09) pelo Ministério da Agricultura.
A operação envolverá até 80 mil toneladas do produto, que serão ofertadas pelos sementeiros em
leilão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), previsto para o dia 29. Já os agricultores
deverão entregar grãos próprios em armazéns credenciados à Conab, ganhando o direito de retirar
igual volume de semente certificada junto aos produtores dessas cultivares. O governo federal
pagará a esses sementeiros o valor do produto negociado no troca-troca.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag), Ezídio Pinheiro,
considerou a operação "muito burocratizada". Ele lamentou que a sugestão da entidade de fazer a
entrega dos grãos próprios somente após a colheita não tenha sido acatada.
- Do jeito que ficou, só beneficia quem não ia plantar a certificada, inviabilizando para aqueles
que tinham planos de comprar a semente. Além disso, fica difícil e caro para um pequeno agricultor
se deslocar muitos quilômetros com o objetivo de entregar um saquinho na Conab - exemplifica
Pinheiro.
Os sementeiros terão até 16 de outubro para oferecer o produto negociado no leilão. As trocas
serão efetuadas até 10 de novembro. O presidente da Associação dos Produtores de Sementes do
Estado, Narciso Barison, aguarda a publicação das regras do pregão para avaliar a operação. Mas
considera baixo o limite de 5 mil quilos.
- Concordo com a quantidade total e o valor. Mas o limite não deveria existir - disse Barison
preocupado também com o atendimento dos clientes que comprariam direto das sementeiras.
Para o presidente da Comissão de Grãos da Federação da Agricultura do Estado, Jorge Rodrigues, a
delimitação de quantidade máxima a ser trocada impedirá que boa parte dos agricultores
empresariais possa fazer toda a área com semente certificada.
Edilson Guimarães, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura:
"O limite é bastante alto para a estrutura fundiária do Rio Grande do Sul. Vai atingir a maioria
dos produtores."
(Por Sebastião Ribeiro,
Zero Hora,
20/09/2006)