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2006-09-19
Pela primeira vez em cerca de 20 anos, as indústrias de ferro gusa do corredor Carajás, nos estados do Maranhão e Pará, decidem buscar uma alternativa ao carvão vegetal, principal insumo utilizado para alimentar os fornos. As siderúrgicas decidiram importar da Colômbia coque metalúrgico, produto de origem mineral.

O primeiro carregamento, de 8 mil toneladas chegou a São Luís no último dia 9 e deve entrar esta semana nos pátios das empresas. A carga foi transportada até o Porto do Itaqui pelo navio Tanzanite, com saída do Porto de Cartagena em 30 de agosto. O insumo seguirá nos trem da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) pela Estrada de Ferro Carajás até as cidades onde estão as siderúrgicas: Açailândia, a 600 quilômetros de São Luís, e Marabá, no Pará.

As empresas compraram um total de 65 mil toneladas de carvão mineral das colombianas Heplacol e Glencore, com previsão de desembarque no Porto do Itaqui até dezembro. A compra foi efetuada pelas siderúrgicas maranhenses Cosima, Fergumar, Gusa Nordeste, Pindaré, Simasa e Viena e pela paraense Ibérica.

A opção pelo coque metalúrgico partiu da necessidade de buscar uma alternativa ao carvão vegetal, cuja compra por parte das siderúrgicas vem encontrando barreiras desde o primeiro semestre do ano passado. O primeiro problema foi a sobretaxação do governo do Pará (principal estado fornecedor), que elevou a pauta do ICMS do insumo.

Outra dificuldade enfrentada pelas siderúrgicas foi as suspensões da guia de transporte de produtos florestais por parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). De acordo com o diretor do Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Estado do Maranhão (Sifema), Cláudio Azevedo, são vários os obstáculos criados pelo Ibama ao uso do carvão vegetal como insumo no processo siderúrgico, desde o projeto florestal até a autorização para transporte do insumo.

O volume de coque comprado da Colômbia vai substituir em parte o carvão vegetal utilizado pelas empresas para a produção de ferro gusa, sem diferença no resultado final do processo siderúrgico, segundo Azevedo.

Apesar de o preço do carvão mineral ser um pouco maior do que o vegetal, as siderúrgicas garantem que a alternativa é viável, pelo menos com a atual taxa de câmbio. "Hoje, o coque metalúrgico custa 10% mais que o carvão vegetal. Mas, com a atual taxa cambial, o investimento compensa e, no final, um custo substitui o outro. Se houver variação do preço do dólar, a importação não será mais viável", diz Azevedo.

A proximidade com a Colômbia (que possibilita o transporte marítimo rápido), a qualidade do insumo e fatores econômicos influenciaram na escolha dos fornecedores daquele país, segundo o presidente do Sifema. A entidade não descarta, no entanto, a possibilidade de negociar a compra do insumo com outros países, e já estuda outros fornecedores, principalmente a China.
(Por Franci Monteles, Gazeta Mercantil, 19/09/2006)
http://www.gazetamercantil.com.br/integraNoticia.aspx?Param=11%2c0%2c1%2c210646%2cYTRE

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