Técnicos e superintendentes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) do Nordeste participam, entre 18 e 22 de setembro, de um curso de capacitação em manejo florestal da Caatinga. O objetivo é orientá-los para que planejem e desenvolvam, nos assentamentos rurais, projetos que usem os recursos das florestas como fonte de renda e ao mesmo tempo preservem o bioma, que já foi em grande parte (80%) degradado pela ação humana.
O curso é organizado por Ministério do Meio Ambiente, pelo Ibama, GEF (Fundo para o Meio Ambiente Mundial, na sigla em inglês), Ministério do Desenvolvimento Agrário, Universidade Federal de Campina Grande, Universidade Federal do Ceará empresa Geophoto.
O ponto de partida dos organizadores é que fazer manejo florestal na Caatinga é uma maneira viável de gerar renda. “A inclusão do componente florestal pode, de forma eficiente e equilibrada, garantir a produção de madeira, carvão, forragem, óleos, produtos medicinais e tanino (substância extraída da acácia, muito usada na industrialização do couro), favorecendo a sustentabilidade de projetos de assentamento”, afirma o texto de apresentação do curso.
Cerca de 40% da cobertura florestal do Nordeste ficam no Semi-Árido, de acordo como GEF. “Esta cobertura é responsável por 90% da demanda de produtos florestais, 70% da energia utilizada pelas famílias, e participa com 15% da renda global dos produtores. A lenha e o carvão vegetal representam 25% da energia primária do setor industrial, ocupando entre o primeiro e segundo lugar na matriz energética [da região]”, diz o texto. “Apesar da grande contribuição socioeconômica da Caatinga para o desenvolvimento regional, as informações de como manejá-la adequadamente são escassas e encontram-se dispersas”, ressalva.
O principal problema para a implementação de projetos de manejo florestal no Semi-Árido, na avaliação dos organizadores, é a falta de capacitação técnica dos profissionais das instituições públicas sobre a questão. Nesse sentido, com duração de 32 horas/aula (entre teóricas e práticas), o curso, que acontece em Fortaleza, está ensinando aos funcionários do Incra aspectos técnicos, econômicos, legais e ecológicos da atividade, suas vantagens e desvantagens e as possibilidades de diversificação do manejo. Além disso, prevê visita a dois assentamentos rurais em que o manejo é feito de forma bem-sucedida.
A capacitação é uma das atividades ligadas ao projeto Manejo Integrado de Ecossistema para o bioma Caatinga, executado pela Secretaria de biodiversidade e Florestas, do Ministério do Meio Ambiente, com o apoio do PNUD e do GEF.
(Por Talita Bedinelli,
PNUD Brasil, 18/09/2006)