Brasil decepciona em ranking de sustentabilidade
2006-09-18
Apesar da boa nota em governança corporativa e meio ambiente, corrupção, violência e baixa
qualidade da educação colocam o Brasil numa posição intermediária na América Latina quanto
ao conceito ampliado de sustentabilidade. É o que aponta um levantamento feito pela
consultoria européia Management & Excellence (M&E), especializada em ética e governança. Num
ranking de oito países da região, o País divide a quinta posição com a Colômbia, ficando à
frente de Equador e Peru.
Além dos temas citados acima, o estudo mede os resultados de cada país nas esferas
econômica, social, legal, governança e de meio ambiente, em cerca de 50 indicadores. O
melhor colocado na lista foi o Chile, que alcançou 69 pontos, numa escala de zero a 100,
destacando-se pela baixa pobreza e por ter a maior espectativa de vida da região. Segundo o
estudo, o nível chileno de corrupção é semelhante ao japonês.
Mesmo com desempenho econômico ruim, a Argentina foi considerada a segunda nação mais ética
e sustentável, devido principalmente por deter um dos maiores níveis de escolaridade do
mundo. O México, com alto crescimento do comércio exterior, e a Venezuela, com grande
superávit nas contas externas e péssima governança, ficaram na 3 e 4 posições,
respectivamente.
Empatada com o Brasil, a Colômbia foi o país com maior evolução em relação à primeira edição
da pesquisa, feita no ano passado, devido aos esforços para combate à corrupção e aumento
dos investimentos na área de educação.
No caso brasileiro, a notícia positiva é a liderança regional no quesito governança
corporativa, na esteira das reformas na lei societária implementada pela Comissão de Valores
Mobiliários e em iniciativas de auto-regulação, como o Novo Mercado e o Índice de
Sustentabilidade Empresarial (ISE), ambos da Bovespa. "Mas o setor privado tem pequena
importância no estudo", explica William Cox, diretor-gerente da M&E. O Brasil também é o
único do grupo a registrar bom desempenho em sustentabilidade ambiental, mesmo sendo
altamente industrializado, e um dos líderes em transparência. Em contrapartida, o País é o
segundo pior em segurança pública, desemprego e no número de presidiários em relação ao
total da população.
Com base em indicadores globais, como os da Anistia Internacional, a M&E também aponta um
desempenho decepcionante do Brasil no respeito aos direitos humanos. Mas são os baixos
índices em educação que mais fazem o País perder pontos no ranking, devido principalmente ao
analfabetismo, o maior da região. "O aumento dos investimentos na área não trouxeram
resultados visíveis", diz Cox.
(Por Aluísio Alves, Gazeta Mercantil, 18/09/2006)
http://www.gazetamercantil.com.br/integraNoticia.aspx?Param=12%2c0%2c1%2c208066%2cYTRE