Evento aponta Terceiro Setor como protagonista de ações responsáveis
2006-09-18
A mesa-redonda “O terceiro setor como protagonista de ações responsáveis” abriu as atividades do I Encontro Brasileiro de Responsabilidade Socioambiental na sexta-feira (15/09). A mediação foi do presidente do Instituto Venturi, Sérgio Pessôa.
O Instituto Martim Pescador foi apresentado por sua diretora, Márcia Scherer. O movimento de preservação da bacia hidrográfica do Rio dos Sinos foi fundado em 2002, e dedica-se a promover a educação formal e informal e a capacitação de multiplicadores por meio da navegação ecológica. No barco inaugurado em julho de 2003 navegaram 8.780 pessoas em 2005 e, neste ano, já são quase 6.500, de todas as faixas etárias.
A presidente da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Porto Alegre, Sonia Mesquita, apresentou o trabalho realizado há oito anos com moradores de rua. Nos galpões localizados na Av. Padre Cacique, todo o mês são separadas, prensadas e vendidas 35 toneladas de papel e 20 de plástico, além de grandes volumes de vidro e alumínio, garantindo o sustento de 49 ex-moradores de rua, que vivem com suas famílias em uma comunidade anexa.
A psicóloga Maria Lúcia Machado apresentou a Via Vida Pró-doações e Transplantes, que tem como finalidades a sensibilização e mobilização da sociedade, motivar o engajamento comunitário e empresarial, prestar apoio às famílias doadoras e aos pacientes em lista de espera por um transplante. A entidade mantém em Porto Alegre uma pousada para abrigar nos períodos pré e pós transplante, oferecendo alimentação, apoio psicológico e oficinas gratuitamente, por onde desde 2004 já passaram 175 pacientes oriundos de outras cidades.
Cultura do descartável desfavorece a reflexão
A conferência “Cidadania, meio ambiente e ação social” abriu as atividades no segundo dia do encontro. O vice-reitor da Unisinos, padre Aloysio Bohnen, falou sobre a transformação da cultura humana em torno de certos conceitos, numa sociedade em que quase tudo é descartável, desfavorecendo a reflexão. “Vejo com alegria que a consciência está se ampliando, que o meio ambiente está se reestruturando e nós realmente podemos nos debruçar sobre esta realidade quando defendemos a vida”, declarou.
O encerramento contou com uma homenagem póstuma a José Lutzenberger, falecido em 2002. Lara, filha do ambientalista, recebeu a Distinção Padre Jesuíta Balduíno Rambo, pelos incontáveis serviços prestados por seu pai à preservação do ecossitema e à conscientização da sociedade frente aos desafios da sustentabilidade.
"Hoje não é só a preservação das espécies que nos preocupa, mas também a integridade das nossas paisagens", lamentou Lara. Ela também criticou o pensamento predominante na sociedade de que a responsabilidade social possa ser mera medida compensatória, as legislações inadequadas ou que não são cumpridas. "Avanços tecnológicos só são solução se acompanhados por educação de consumo."
Para ela, os maiores desafios são no âmbito pessoal, com autocrítica e responsabilidade, e no âmbito da macroeconomia, que exalta o crescimento, enquanto que por outros lado, "o nosso planeta não cresce".
Com um tronco de árvore abandonado, Daniel Lima Veras, artista plástico gaúcho radicado em Florianópolis, criou a escultura que leva o nome do teólogo, cientista e professor, nascido em 1906.
O I Encontro Brasileiro de Responsabilidade Socioambiental é uma iniciativa da Notadez Informação, em co-promoção com a Unisinos e Instituto Venturi para Estudos Ambientais, e patrocínio do Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae) de São Leopoldo, Companhia de Geração Térmica e Energia Elétrica (CGTEE), Grupo Eletrobrás e Ministério de Minas e Energia.
(Por Carlos Matsubara, com Assessoria de Imprensa do Encontro, 15/09/2006)