Ecologia do ácaro da mancha-anular (Brevipalpus phoenicis (Geijskes) (Acari: Tenuipalpidae) em cafeeiros no estado de São Paulo
2006-09-18
Tipo de trabalho: Tese de Doutorado
Instituição: Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (CENA/USP)
Ano: 2006
Autor: Jeferson Luiz de Carvalho Mineiro
Contato: jefmin@hotmail.com
Resumo:
O conhecimento das interações entre Brevipalpus phoenicis (Geijskes), outros ácaros fitófagos ou predadores e as plantas de cafeeiro ainda são insuficientes para se poder elaborar um programa adequado de manejo da cultura, para tentar solucionar os problemas causados pela mancha anular. Apesar da importância do problema, pouco se sabe sobre a diversidade de ácaros, assim como a dinâmica populacional do ácaro B. phoenicis e seus inimigos naturais na cultura cafeeira, bem como nas diversas cultivares comercialmente exploradas. As informações sobre o impacto de agroquímicos nas populações de ácaros em cafeeiro são praticamente inexistentes. Contudo, sabe-se que alguns inseticidas ou fungicidas podem afetar a população de ácaros predadores podendo favorecer o aumento populacional de ácaros pragas. Ao caracterizar a diversidade de ácaros em duas importantes regiões produtoras (Jeriquara e Garça), constatou-se que em Jeriquara a diversidade foi superior ao encontrado em Garça. Foram coletados no total 13.052 ácaros nos dois locais estudados, sendo 7.155 em Jeriquara e 5.897 em Garça. De um total de 108 espécies encontradas, 45 espécies foram observadas em ambos os locais avaliados, que apresentaram similaridade de 56%. Os predadores mais freqüentes nas folhas foram Euseius citrifolius Denmark & Muma, E. concordis (Chant) e Agistemus brasiliensis Matioli, Ueckermann & Oliveira. Foram observadas correlações significativas a 0,05% (Pearson) entre as populações E. concordis e B. phoenicis; Zetzellia malvinae Matioli, Ueckermann & Oliveira e B. phoenicis; E. concordis e A. brasiliensis; entre outras. Em relação à diversidade em diferentes cultivares de cafeeiro (Coffea canephora cv Apoatã e de C. arabica cultivares Mundo Novo, Icatu Vermelho, Icatu Amarelo e Catuaí Amarelo) realizado em Garça, verificou-se que a maior riqueza de espécies e o maior número de indivíduos na superfície das folhas foram observados para Apoatã. A cultivar Icatu Vermelho foi a que apresentou maior uniformidade na distribuição das espécies de ácaros e Apoatã a que apresentou menor uniformidade. Em relação à preferência hospedeira, B. phoenicis foi encontrado em maior abundância na cultivar Apoatã, representando 61% de todos os indivíduos. E. citrifolius ocorreu em maior número na cultivar Mundo Novo e E. concordis na Apoatã. A. brasiliensis ocorreu em maior quantidade na cultivar Icatu Vermelho e Z. malvinae ocorreu sem diferença estatística em todas as cultivares. Em relação aos efeitos de pesticidas sobre a diversidade de ácaros, constatou-se que no tratamento com triadimenol + disulfoton apresentou a menor , enquanto que no deltametrina + triazophos a maior. B. phoenicis apresentou redução no número de indivíduos no tratamento com aldicarb e um aumento de cerca de duas vezes nos tratamentos com triadimenol + disulfoton e no thiamethoxam. Os tratamentos que apresentaram as maiores semelhanças na composição das espécies foram: testemunha e cartap, e thiamethoxam e ethion; e os tratamentos de menor similiaridade foram: testemunha e aldicarb, aldicarb e cartap, e aldicarb e deltametrina + triazophos. Reduções significativas na população de A. brasiliensis nos tratamentos com aldicarb e thiamethoxam e de E. citrifolius no tratamento com cartap foram detectadas.