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2006-09-15
O número de queimadas na Amazônia Legal entre 1º de janeiro e ontem caiu 45,8% em relação ao mesmo período do ano passado e é o menor desde 2001. Entre as causas prováveis para isso estão a crise entre os produtores de grãos, condições climáticas que impedem o alastramento de focos e o aperto na fiscalização.

O programa de monitoramento de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrava, até a manhã de ontem, um número acumulado de 44.304 focos de incêndios neste ano na Amazônia Legal. Em 2001, no mesmo período, foram 44.125 focos. De 1º de janeiro a 13 de setembro de 2002 foram 68.411; de 2003, 73.427; de 2004, 92.748; e de 2005, 81.762.

A crise na agricultura ajuda a explicar a redução, segundo o pesquisador Alberto Setzer, coordenador do programa. Descapitalizados, os produtores estariam deixando de abrir áreas para a produção de grãos. A maioria ainda usa o fogo para expor o solo.

A redução de queimadas na região amazônica refletiu nos números de incêndios no Brasil. Neste ano, o total de focos acumulados no País era de 57.935, o menor dos últimos seis anos. Em 2001, no mesmo período, foram 66.922 focos; 95.026 no ano seguinte; 93.794 em 2003; 111.256 em 2004 e, no ano passado, 102.228.

Mas Setzer alerta que é cedo para comemorar. “A temporada de queimadas vai até novembro e os números podem mudar.”

Setzer apontou outros fatores que podem ter ajudado na redução: as condições climáticas - está sendo um ano menos seco na Amazônia - e o efeito da fiscalização. No último fim de semana, quando agentes do Ibama deflagraram uma ação contra queimadas em Rondônia, o número de focos registrado foi de 1.026. Já anteontem, sem fiscalização, saltou para 3.544. Só na manhã de ontem já havia 1.830 focos. Mato Grosso lidera o ranking das queimadas desde 2000 - apenas em 2005 foi superado pelo Pará, normalmente o segundo colocado.

São Paulo piora
Pela primeira vez o Estado de São Paulo aparece entre os quatro com maior incidência de queimadas no País. De 1º de janeiro até ontem, acumulou 2.891 focos, abaixo apenas de Rondônia, Pará e Mato Grosso. No ano passado, com 2.636 focos, ocupou o 9º lugar, mesma posição de 2004, com 2.052 registros.

Para Setzer, o fenômeno se deve à expansão da cultura de cana-de-açúcar. “As áreas de mais focos apontadas pelo satélite coincidem com as zonas canavieiras. Apesar das restrições, ainda se usa muito o fogo na colheita da cana”, explica o pesquisador.

A Secretaria de Meio Ambiente do Estado proibiu a queima da cana nas regiões onde a umidade relativa do ar baixa a menos de 30%, como Ribeirão Preto. Em outras áreas críticas, como Barretos, a queima fica restrita ao período noturno, a partir das 20 horas. Nem todos os produtores cumprem a legislação. O Estado flagrou oito focos de queima de cana entre a tarde e o início da noite de anteontem, em Barretos, fora do horário permitido. Dois canaviais estavam em chamas próximo da área urbana na manhã de ontem.
(Por José Maria Tomazela, O Estado de S. Paulo, 14/09/2006)
http://www.estado.com.br/editorias/2006/09/14/ger-1.93.7.20060914.20.1.xml

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