Construção de hidrelétricas no Rio Madeira divide opiniões
2006-09-14
A construção das usinas no rio Madeira tem gerado controvérsias. Na opinião do professor Julio Militão, diretor do Núcleo de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Rondônia, as construções proporcionarão benefícios para o setor produtivo, mas as comunidades do entorno precisam ser ouvidas.
“A população vive da pesca. Que garantias ela tem de que o alagamento da região poderá ser trocado por algum benefício? Quantas escolas, quanto de saneamento?”, questiona o professor. Segundo ele, “a bem de um modelo econômico, sacrificamos a comunidade”.
Para Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o impacto socioeconômico dos empreendimentos será positivo. “Haverá criação de empregos e geração de renda. Será construída uma montadora para fabricação de turbinas na região”, afirma.
Em entrevista à Agência Brasil, o presidente das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), Aloisio Vasconcelos, garantiu que as obras vão desenvolver a região. “Cada usina vai demandar 20.000 pessoas e deverá ser construída ao longo de cinco anos. O que está em andamento é um processo de desenvolvimento”, disse.
Vasconcelos garante que não há possibilidades de crise energética (apagão) no Brasil até 2010. “A projeção de crescimento do PIB está entre 3,5% e 4%. O setor energético deve crescer entre 5% e 6%, mas projetos estruturantes são necessários agora para que o setor energético acompanhe o crescimento do país a partir de 2011. Precisamos dessas usinas e, depois, da usina de Belo Monte, no rio Xingu”, conclui.
De acordo com Tolmasquim, da EPE, a energia que será gerada é importante para os padrões brasileiros. “A energia vai atender a área das usinas e será transportada para a região sudeste através de linhas de transmissão de corrente contínua, que serão construídas em seguida”, afirmou. As usinas de Jirau e Santo Antônio devem gerar cerca 6.400 MW de potência.
(Por Thiago Brandão, Agência Brasil, 13/09/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/09/13/materia.2006-09-13.3859453271