Movimento dos Atingidos por Barragens promete contestar relatório para hidrelétricas no Rio Madeira
2006-09-14
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vai contestar, em audiências públicas sobre a construção de usinas hidrelétricas no rio Madeira (RO), o Relatório de Impacto Ambiental (Eia-Rima), aprovado esta semana pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A informação é do representante do MAB na região do Madeira, Wesley Ferreira Lopes. Em entrevista ontem (13/9) à Agência Brasil, ele relatou que "pressões externas" interferiram na aprovação do documento.
“Os estudos por bacia [hidrográfica] não foram feitos. Tudo ficou limitado ao Rio Madeira. Não há como pensar que a análise de alguns quilômetros de rio bastam”, disse, acrescentando que o movimento defende que as análises sejam estendidas a toda a área da Bacia Amazônica.
Ainda esta semana, o documento deve estar disponível para a consulta pública por 45 dias. Depois da fase de consulta, começam as audiências públicas, a serem realizadas na região.
Segundo estudos apresentados pelo consórcio das empresas Furnas e Odebrecht, que está propondo a construção das usinas, cerca de 3 mil famílias serão afetadas pela construção das barragens de Santo Antônio e Jirau.
O representante do MAB acredita que o número esteja entre 7 mil e 8 mil famílias. De acordo com Lopes, o levantamento que o MAB está fazendo sobre o assunto deve ficar pronto em novembro.
“O impacto não ocorre apenas sobre as famílias que têm título de propriedade na região. Mas também sobre aquelas que dependem economicamente do que é produzido lá”.
Ele afirmou que, historicamente, um número reduzido de ex-moradores de regiões alagadas é reassentado em áreas apropriadas. “A maior parte dos atingidos por barragens se desloca para as periferias das cidades e passam a viver em favelas”, concluiu.
(Por Thiago Brandão, Agência Brasil, 13/09/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/09/13/materia.2006-09-13.1172164899