Orgânico ocupa 40 mil hectares em MG
2006-09-14
Dos 853 municípios mineiros, pelo menos 168 têm produção orgânica, o equivalente a uma área de mais de 40 mil hectares. Os dados estão no primeiro mapeamento de orgânicos, atualmente em fase final de conclusão pela Empresa Mineira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).
O resultado surpreendeu o coordenador técnico da instituição, Fernando Cassimiro Tinoco França. “Esperávamos que fosse chegar no máximo a 30 mil hectares, mas, pelo que já vimos o número será 10 mil hectares maior.”
O coordenador explica que a Emater considerou as produções sem agrotóxicos e não apenas as que já obtiveram certificação de “orgânico”. Para certificar-se é preciso obedecer a regras mais rigorosas, como provar a desintoxicação do solo.
Plantação A pequena Bocaina de Minas (sul), de apenas 5.000 habitantes, é a cidade mineira com maior área plantada: 12.600 hectares (ha). A segunda é Monsenhor Paulo, também no sul e igualmente pouco populosa (7.800 moradores) com 5 mil ha.
Segundo Tinoco França, nas duas, as maiores áreas são de pecuária orgânica com produção de pastagem, milho e cana sem agrotóxicos.
O levantamento apurou que a produção está espalhada em praticamente todas as regiões do Estado, com presença forte em algumas, como o sul, que registra principalmente atividade cafeeira.
“Só pelos resultados de Andradas, Machado e Poço Fundo pode-se dizer que já nos tornamos referência nacional em produção de cafés orgânicos.” Só Andradas planta 400 ha do cobiçado grão. Cerca de 80% dos produtores de orgânicos são pequenos ou médios proprietários, o que indica uma tendência, segundo Tinoco França.
“É um sistema que tem mais a ver com a agricultura familiar porque já existe uma cultura de aproveitar o esterco do gado e os nutrientes da própria propriedade.” Para ser considerado orgânico, a primeira regra é não usar adubo químico, o que dificilmente seria adotado por grande empresa.
BH tem feiras que comercializam produto
A manutenção de cinco feiras de orgânicos em Belo Horizonte é um bom sinal de aceitação dos produtos “naturalíssimos” na cidade. Ontem, a primeira feira de orgânicos da capital, na Praça ABC, no bairro Funcionários, completou cinco anos.
Os consumidores de orgânicos têm de terça a sábado para visitar uma das feiras de produtores nos bairros Belvedere, Funcionários, Luxemburgo, Mangabeiras e Pampulha. A localização dos bairros indica bem o perfil do público.
Devido ao rigor maior do processo e à demanda ainda reduzida, o produto é considerado de alto valor agregado, o que eleva o preço.
Um quilo de tomate, por exemplo, vendido a preço médio de R$ 0,83 em Belo Horizonte, segundo dados da Secretaria Municipal de Abastecimento, pode custar até R$ 8 em lojas especializada em orgânicos.
O pé de alface, vendido a R$ 0,81 nos sacolões, passa a valer R$ 2; e o quilo de batata de R$ 0,70 sobe para até R$ 5 se for orgânico. As cinco feiras de orgânicos de Belo Horizonte comercializaram no primeiro semestre deste ano 38,88 toneladas com um resultado de vendas de R$ 117.260,00.
(Por Bianca Melo, O Tempo – MG, 13/09/2006)
http://www.otempo.com.br/