Biodiesel move o crescimento da Petrobio
2006-09-14
Constituída há cerca de dois anos por cinco sócios, todos ex-alunos da Universidade de São
Paulo, e até então reunidos numa consultoria, a Petrobio, empresa especializada na construção
de usinas para a produção de biodiesel, aproveita o bom momento vivido por esse combustível
alternativo e está expandindo suas atividades também em direção ao mercado externo. Além do
atendimento dos clientes nacionais de pequeno, médio e grande porte, a empresa negocia o
fornecimento de unidades completas para grupos estrangeiros interessados em investir na
produção do biocombustível.
Ainda debutando na atividade, a empresa projeta para 2006 um faturamento em torno de R$ 200
milhões. Para isso, muito contribuirão os contratos que estão sendo firmados com grupos
estrangeiros e nacionais que também estão entrando no negócio do biodiesel. Um dos principais
contratos, no valor de R$ 45 milhões, foi fechado com um grupo da Guatemala para a implantação
de uma usina com capacidade para produzir um milhão de litros/dia de biodiesel. Outro, no
valor de R$ 30 milhões, tem como contratante um grupo norte-americano que construirá, em 2007,
uma grande unidade que deverá ser instalada no Nordeste brasileiro para a produção de
biodiesel tendo o óleo de palma como matéria-prima. Ainda no mercado externo, uma usina no
valor de R$ 15 milhões será fornecida a uma empresa argentina que a instalará no litoral
aproveitando-se da logística para a exportação do produto.
No mercado interno, o principal projeto previsto, para ser implantado num período de 20 meses
até o início de 2008, é o de uma unidade com capacidade para 500 mil litros/dia, no município
de Rondonópolis, estado do Mato Grosso, região onde predomina o cultivo de soja. O valor
previsto para o projeto é de R$ 25 milhões.
"Atualmente, nossa carteira de clientes é diversificada, sendo que a maioria é de grandes
produtores. Os grupos estrangeiros representam cerca de 20% destes clientes mas esse mercado
que deve crescer com a divulgação internacional que está sendo feita sobre as vantagens do
biodiesel", afirma André Luiz dos Santos, diretor de informação da Petrobio.
A empresa é parceira da MB do Brasil, de Piracicaba, que forneceu a tecnologia química e cuida
do licenciamento do processo químico para todas as usinas que a Petrobio comercializa. O
trabalho de mecânica pesada das usinas feito na metalúrgica CSJ, também fabricante de usinas
para a produção de açúcar e álcool.
Santos ressalta que a empresa utiliza, na produção do combustível, um sistema que não exige
qualquer tipo de aquecimento para que ocorra a reação de transesterificação, o processo mais
utilizado para a produção de biodiesel. A reação química dos óleos vegetais ou gorduras
animais com o álcool comum (etanol) ou o metanol é estimulada por um catalisador, economizando
assim, gastos com energia. A operação para grandes volumes de matéria-prima pode ser feita em
apenas alguns minutos. As usinas são divididas em três categorias, para pequenos, médios e
grandes volumes. A batelada é destinada à produção de até 50 mil litros/dia, as semi-contínuas
para até 100 mil litros/dia e as contínuas, para 200 mil litros/dia, atendendo assim a
diferentes perfis de produtores. Já os preços das usinas são fixados levando em conta a
matéria-prima a ser esmagada e variam de um mínimo de R$ 58 mil para os modelos mais modestos,
até os maiores, de R$ 45 milhões.
Segundo o executivo, a Petrobio tem expectativa de atender, ainda no primeiro semestre do
próximo ano, um número maior de clientes que hoje é de aproximadamente 150. "Em 2006 o mundo
está conhecendo melhor o que é o biodiesel e, em 2007, deverá ocorrer a consolidação desse
produto já que, grandes grupos econômicos estrangeiros estão sondando nosso mercado e nossa
empresa", diz Santos. Ele acredita que grandes produtores do setor sucroalcooleiro,
frigoríficos que produzem sebo em grandes quantidades e grupos que trabalham com grãos como
soja, por exemplo, também deverão investir nesse combustível alternativo, aumentando, assim, a
expectativa de crescimento da empresa.
Alternativa ao diesel de origem fóssil
O biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser obtido
por diferentes processos como o craqueamento, a esterificação ou pela transesterificação. Pode
ser produzido a partir de gorduras animais ou de óleos vegetais, existindo dezenas de espécies
vegetais no Brasil que podem ser utilizadas, tais como mamona, dendê (palma), girassol,
babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras.
O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclodiesel
automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc) ou estacionários (geradores
de eletricidade, calor, etc). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas
proporções. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim
sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.
O Programa do Biodiesel foi criado em fevereiro de 2005 pelo Goveno Federal.
(Por Ivonéte Dainese, Gazeta Mercantil, 13/09/2006)
http://www.gazetamercantil.com.br/integraNoticia.aspx?Param=9%2c0%2c1%2c201359%2cYTRE