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2006-09-14
Formada em julho de 2005, a AP6 teve a sua primeira reunião em janeiro deste ano. O foco do encontro foi a utilização de novas tecnologias para reduzir as emissões de GEE. No entanto, diferentemente de Kyoto, este acordo não é compulsório. Cada país vai agir a sua maneira para desenvolver novas tecnologias que contribuam para a amenizar as conseqüências climáticas da poluição. Em outubro, o grupo deve publicar seu plano de ação para investimentos em projetos de energia limpa.

Juntos, os seis países respondem por metade dos gases do efeito estufa produzidos a partir da queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Autoridades americanas têm sido cautelosas para evitar dizer diretamente que a pareceria Ásia-Pacífico foi formada como uma alternativa ao Protocolo de Kyoto. Paula Dobriansky, subsecretária de estado dos EUA para questões globais, disse ao jornal Fincancial Times: “Nós vimos isso como um complemento, não como uma substituição, para o Protocolo de Kyoto”. No entanto, EUA e Austrália, principais articuladores atrás da pareria Ásia-Pacífico, são os únicos paises desenvolvidos que rejeitaram o Protocolo de Kyoto.

A divergência entre os dois movimentos não é apenas uma questão de tecnologia de um lado e regulação de outro. Defensores do Protocolo de Kyoto concordam que a tecnologia é essencial para fornecer meios de diminuir as emissões. No entanto, dizem que metas e prazos para redução de emissões são essenciais para se assegurar a implementação da tecnologia. Em muitos casos, o uso de tecnologias de baixo-carbono impõe custos aos negócios. Ajustar um equipamento para redução de carbono em uma planta de carvão convencional, por exemplo, pode custar milhões de libras. Por essa razão, argumentam, somente o regulamento fornece a espora necessária para assegurar que a tecnologia seja desenvolvida e largamente instalada.

Para o Ministro da Indústria australiano, Ian Macfarlane, o investimento em novas tecnologias vai resultar em três vezes mais redução de GEE do que o planejado por Kyoto. Além disso, diz o grupo, a economia dos seis continuará a crescer e nenhum governo será obrigado a fazer o que não quer.

Já a coalizão de organizações não governamentais ambientalistas Climate Action Network Austrália afirma que a parceria, por não ter metas, cronogramas ou incentivos econômicos, não ajudará a evitar as mudanças climáticas. Segundo outros observadores, tal atitude seria uma tentativa do presidente norte-americano, George W. Bush, e do primeiro-ministro australiano, John Howard, de encobrirem o embaraço de não terem ratificado o Protocolo de Kyoto.

Tecnologia
Entre as opções mais “limpas” de novas tecnologias estão o uso de fontes renováveis, o aumento da eficiência, a captura e a utilização de metano e novas idéias para a aplicação do gás natural. Contudo, na prática, a atenção está voltada para o carvão, já que quatro dos seus cinco maiores produtores entre os países-membros da AP6. Pesquisadores australianos e de outras partes do mundo estão estudando tecnologias que possam reduzir substancialmente as emissões provenientes da queima de carvão.

Para o presidente da Fundação Nacional do Meio Ambiente (em inglês National Environment Trust), Philip Clapp, a questão é por que os países vão investir em tecnologias que vão custar mais se não há metas ou incentivos econômicos para isso. Macfarlane argumenta que todas as formas de reduzir as emissões de GEE são caras, mas que o investimento em novas tecnologias continua sendo a melhor opção. O custo econômico da AP6, diz ele, é cerca de 30% menor do que o de Kyoto.

O cientista especializado em clima da universidade australiana New South Wales, rebate afirmando que a AP6 apenas aborda a transferência entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Para que o acordo seja eficaz, defende, é preciso que o mundo desenvolvido tome medidas domésticas fortes, porque a maior parte das emissões vem justamente deles.
(Carbono Brasil, 13/09/2006)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=14999&iTipo=5&idioma=1

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