Depois de décadas de um frustrante e lento crescimento, energia solar dá sinais de que pode surpreender
2006-09-12
Depois de décadas de um frustrante e lento crescimento, os altos preços
da energia estão apressando o tão anunciado renascimento da energia
solar. Embora ainda estejam atrasadas pelo rápido crescimento da energia
eólica, as tecnologias solares baseadas na utilização de silício
finalmente estão se tornando suficientemente eficientes para serem
competitivas diante das fontes convencionais de energia. A demanda por
silício sofisticado, que é o componente central dos painéis solares e é
produzido somente em cinco fábricas no mundo todo, cresceu tão
rapidamente que agora existe um atraso de dois anos na rede de
fornecimento. Entretanto, o potencial total da fonte de energia mais
abundante e renovável do mundo não será aproveitado até que seja
inventada uma nova tecnologia sem base no silício.
Os especialistas em energia solar dizem que é somente uma questão de
tempo: talvez entre cinco e dez anos. Entretanto, a tecnologia do
silício cresce. Há 25 anos, a fabricação de painéis solares era uma
indústria caseira, por meio de microexperiências, realizadas por algumas
poucas companhias petrolíferas norte-americanas (Arco e Exxon entre
elas). Agora, os painéis têm um tamanho três vezes maior, são duas vezes
mais eficientes e custam um quarto do preço que tinham nos anos 70. A
eficiência em sua manufatura continua em alta, enquanto os usuários
individuais foram superados pelas instalações em instituições e grandes
empresas. Por exemplo, a WalMart, maior rede varejista norte-americana,
usa painéis solares em muitos de seus supermercados, enquanto a Costco
vende e instala equipamentos solares para proprietários de imóveis.
Como a energia solar depende do Sol, alguém poderia supor que as regiões
com climas ensolarados têm prioridade mundial no desenvolvimento desta
indústria. Porém, depois de uma liderança inicial em matéria tecnológica
nos anos 70 e 80, os Estados Unidos cederam o primeiro lugar na produção
de painéis solares para Alemanha e Japão, um desacerto estratégico que
poderia resultar muito caro a longo prazo. Os especialistas da indústria
solar prevêem que continuarão as melhorias no rendimento dos painéis,
mas o verdadeiro ponto de partida para um uso extenso em nível mundial
se derivará, como dissemos, de uma nova tecnologia sem base no silício.
Em uma época de declínio permanente do petróleo, se a indústria
fotovoltáica mantiver um crescimento médio anual de 50% ou mais durante
as próximas duas décadas, poderá chegar a representar 20% do orçamento
energético global. Esta é uma ambiciosa e, inclusive, improvável taxa de
crescimento, mas também presume que não haverá significativos avanços
tecnológicos na produção de painéis solares. E, como a necessidade é a
mãe das invenções, a energia solar ainda pode muito bem nos surpreender.
(Por Mark Sommer, Terramérica, 11/09/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=22307&edt=1