Aquecimento global fortalece furacões, aponta estudo
2006-09-12
A maior parte da elevação da temperatura dos mares que alimenta os
furacões mais intensos é resultado do aquecimento global induzido por
atividade humana, diz um estudo que, segundo um cientista, "fecha o elo"
entre a mudança climática e tempestades catastróficas como o furacão
Katrina.
Uma série de trabalhos, divulgados nos últimos 12 meses, mostraram um
aumento da intensidade dos furacões dos Oceanos Atlântico e Pacífico,
fortalecimento atribuído ao aumento na temperatura da superfície dos
mares.
Agora, estudo que será publicado no periódico Proceedings of the
National Academy of Sciences afirma que a maior parte dessa elevação
pode ser atribuída a atividades humanas como a poluição gerada por
carros e fábricas. "O trabalho que fizemos meio que fecha o elo aí", diz
Tom Wigley, do Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica, um dos autores
da pesquisa.
"A conclusão importante é que a elevação (de temperatura) observada
nesses berçários de furacões não pode ser explicada exclusivamente por
processos naturais", disse ele. "A melhor explicação para essas mudanças
tem de incluir uma grande influência humana".
Wigley, juntamente com Benjamin Santer , do Laboratório Nacional
Lawrence Livermore e uma equipe de colegas, estudou a relação de clima
com os furacões usando 22 diferentes modelos, em 15 instituições pelo
mundo.
Modelos climáticos são conjuntos de equações matemáticas que
computadores de alta velocidade usam para simular as condições
meteorológicas e prever mudanças. Os pesquisadores rodaram 80 diferentes
simulações, analisando a resposta da temperatura do mar a diversos
fatores, e em seguida compararam os resultados dos diversos modelos.
Este estudo constrói uma conexão entre a base teórica do aquecimento
global e as mudanças já observadas nos berçários de furacões, disse
Robert Corell, que moderou uma apresentação pública dos resultados.
Embora informem a conexão entre temperaturas do oceano e o poder das
tempestades, os pesquisadores se abstiveram de fazer previsões.
Perguntado sobre se recomendaria mudanças na política pública, Greg
Holland, do Centro nacional de Pesquisa Atmosférica, disse que "é
importante notar que não somos agentes políticos. Nosso papel é mostrar
as melhores conclusões a partir dos melhores dados".
Já William M. Gray, da Universidade Estadual do Colorado, um
especialista em furacões, criticou o trabalho. Segundo Gray, os modelos
usados não levam em conta todos os processos em andamento nos oceanos.
(AP, 11/09/2006)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/set/11/270.htm