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2006-09-14
A instalação das indústrias BSBios - do ramo de biodiesel - e Uniquímica - do ramo de ração animal - deverão estimular não somente a produção de grãos de soja, milho e canola, mas também toda uma cadeia que deverá gerar mais emprego e renda para a região.

Para os produtores e indústrias esmagadoras de grãos da região, a notícia da instalação de duas novas indústrias em Passo Fundo, uma destinada à produção de biodiesel e outra à produção de ração animal para bovinos, suínos e aves foi muito bem-vinda. Isso porque ambas utilizam produtos agrícolas em abundância no Norte do estado, soja e milho e outro que está sendo introduzido aos poucos, a canola.

A BSBios irá trabalhar com óleos de canola e de soja. Esses óleos serão adicionados ao diesel para a produção de biodiesel, não mais barato, mas menos poluente do que o diesel comum. Já no primeiro ano de funcionamento, estima-se que a empresa produza 100 milhões de litros de biodiesel.

A Uniquímica deverá iniciar a instalação em novembro desse ano. A empresa irá produzir ração animal, a partir de farelo de soja e de milho.

A usina de biodiesel firmou um acordo com o governo federal, acordando que grande parte do óleo de soja utilizado na fabricação do diesel ecológico deva ser proveniente de usinas que processem soja de pequenos produtores rurais. Já a Uniquímica ainda não definiu de que maneira irá comprar o farelo de soja e milho.

Cadeia produtiva
Para o pesquisador da Embrapa Trigo, Benami Bacaltchuck, em um primeiro momento deve-se olhar a cadeia produtiva a partir do aumento do processamento e do produto. "Na região de Passo Fundo podemos encontrar empresas que trabalham com extração de óleo de soja e no processamento de farelo", destaca. A grande diferença. continua o pesquisador, é que grande parte da produção de Passo Fundo que seguia para outras regiões não voltava à cidade. "Se existe uma usina de biodiesel baseada em soja, grande parte da soja daqui que é processada em outros locais irá retornar em forma de óleo para a cidade para a produção de biodiesel, o que irá gerar também impostos, empregos e parte do consumo", explica.

Por outro lado, a instalação de uma indústria de ração na região irá agregar empregos no aproveitamento do farelo de soja, que seria outro produto da indústria da extração de óleo, que também será consumido na região. Além disso, uma indústria de ração irá aumentar a demanda por milho, fazendo assim com que os produtores voltem a ocupar suas áreas com o grão. "Esse produto novamente será consumido na região, gerando impostos, empregos e conseqüentemente renda para a população, dando maior sustentabilidade à cadeia produtiva", complementa. Outra vantagem será a diminuição nos custos de produção, tanto da ração quanto da carne de gado, aves e suínos, já que a matéria-prima para ambos estará mais próxima. "O ideal é que haja uma ampliação da avicultura e da suinocultura, para que o mercado se torne mais competitivo", frisa.

Competitividade
Segundo Bacaltchuk, Passo Fundo está preparada para essa competitividade que deverá fomentar a produção de grãos da região. Isso porque tem mão-de-obra disponível, infra-estrutura, energia e espaço. "Podemos criar um espaço industrial inquestionável por termos excedentes de energia e de locais para instalar empresas", frisa.

Área agrícola
Conforme o pesquisador Passo Fundo não tem o potencial agrícola, por ter uma área física muito pequena para o processo produtivo, mas continua sendo vantajoso, pois as comunidades ao redor da cidade terão mais próximos deles um sistema de processamento que irá colaborar novamente para o crescimento individual e coletivo.

Canola
A vantagem da canola em comparação à soja, é que a capacidade de extração de óleo dela é muito maior. Por isso, a empresa BSBios pretende incentivar o cultivo da oleaginosa. De acordo com Bacaltchuk a produção só será aceita pelo produtor, se tiver mercado comprador. "Para toda opção agrícola, se houver um mercado estruturado, o produtor vai investir", destaca.

A introdução da canola nos campos do Norte do estado tem sido um processo lento. "A canola não evoluiu porque não tinha compradores. Tendo comprador, com certeza os produtores optarão", salienta. A canola apresenta ainda outra vantagem, a de ser uma oleaginosa de inverno. "Tendo uma oleaginosa no verão e uma no inverno, as indústrias da região terão um processo contínuo de transformação", observa.

Sistema de rotação
Bacaltchuk afirma que a canola fará parte de um processo que, além de aumentar a oportunidade de renda, diminuirá os riscos e aumentará as opções de mercado, fazendo com que o produtor tenha produtos com preços e oportunidades diferentes, ao invés de cultivar só duas culturas, no caso soja e trigo.

Fora o aumento nas oportunidades de mercado, o pesquisador salienta que uma rotação de cultura apropriada irá decrescer a presença de doenças e aumentar a quantidade de material orgânico no solo.

Organização
Ele ressalta ainda a importância de os produtores se organizarem para garantir o plantio com garantia de compra, estabelecendo uma relação de comprometimento por parte das indústrias.

Os produtores também devem se comprometer, suprindo as necessidades das indústrias e também produzindo excedentes. "Esses excedentes poderão criar a dependência de outros mercados em relação aos nossos produtos que seria muito bom para a sustentabilidade da região".
(Por Daiane Tonial, O Nacional, 13/09/2006)
http://www.onacional.com.br/

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