Terminal de celulose remove pescadores em Rio Grande
2006-09-12
Nesta terça-feira (12/09) acontece a primeira reunião entre a prefeitura de Rio Grande, o governo do Estado e o Ministério
Público para dar encaminhamento à remoção dos pescadores artesanais do bairro de Barra Nova. Devido à construção de um
terminal de celulose, cerca de 200 famílias serão retiradas do local, onde muitas vivem há mais de 20 anos, e serão
realocadas em outra zona portuária chamada 4ª Secção da Barra.
Apesar da ação ser praticamente irremediável, moradores mais antigos ainda tentam resistir à remoção. No ano passado, o
governo federal emitiu um decreto Ministerial determinando a área, que pertence ao Porto de Rio Grande, para a construção
de um terminal de produtos florestais. Segundo informações, a área é muito desejada pelas empresas de celulose Aracruz e
Votorantim, que estão ampliando suas atividades no Estado.
Orlanda Salgado, presidente da Associação de Pescadores da Barra Nova, relata que as famílias não querem deixar o local em
que se estabeleceram há décadas, criaram laços e de onde se sustentam. A moradora ainda denuncia que algumas casas que
ficam junto ao morro, na entrada do bairro, foram cercadas para que outras pessoas não se mudem para a região.
“Vai ser ruim para nós, pela questão da água. Tem outras coisas, como os trapiches, que eles querem que seja comunitário. No
entanto, aqui cada um trabalha no seu, o que facilita o trabalho”, argumenta.
Leonardo Salum, secretário da Cidadania e Assistência Social, critica a posição da associação de pescadores. Ele ressalta
que a área deve ser desocupada, já que pertence ao Porto e é destinada a atividades industriais.
“Estão querendo dizer que o que virá é uma indústria de pasta de celulose. Seja de fábrica de celulose, seja de madeira,
aquele espaço é reservado para indústrias. As pessoas ali não são proprietárias do local”, defende.
No mês de agosto a secretaria terminou o cadastro das 186 famílias moradoras que devem deixar Barra Nova. Número contestado
pela Associação de Pescadores. Leonardo ainda garante que os pescadores somente deixarão a área depois que o local para
onde serão removidos tenha toda a infra-estrutura de pesca, de escola e de transporte construídos pelos governos e a União.
O secretário também ressalta que os pescadores receberão o título de seus novos lotes. O prazo limite vai até 2008, mas a
prefeitura espera que boa parte das famílias sejam removidas em 2007.
Depois de desocupado o local, o Porto de Rio Grande deve lançar edital para que as empresas interessadas se inscrevam e
concorram ao terminal.
(Por Raquel Casiragui, Chasque Agência de Notícias/Ecoagência, 12/09/2006)
http://www.ecoagencia.com.br/index.php?option=content&task=view&id=1820&Itemid=2