A Petrobras deverá comprar direitos de participação em uma refinaria controlada pela Exxon Mobil Corp.s no Japão, a qual realiza vendas para a China. A estatal brasileira está em conversações com empresas participantes da planta japonesa, a TonenGeneral Sekiyu K.K. e a Sumitomo Corp., segundo fontes que pediram para não ser identificadas, alegando que um acordo final ainda não foi concluído.
O valor de participação da Petrobras na planta, a fim de atualizá-la tecnologicamente, deve chegar a um total de US$ 1 milhão.
O alvo da Petrobras é a refinaria de Okinawa, no sul do Japão, como plataforma de vendas para a China, o mercado que mais rapidamente cresce. No ano passado, a Arábia Saudita ampliou sua participação da Royal Dutch Shell Plc s do Japão, em quase 15%. As refinarias asiáticas estão fechando ou vendendo suas plantas por causa da estagnação de alguns mercados domésticos.
"Os planos de reestruturação das indústrias em todo o mundo devem se voltar para os dutos do Japão, dado o fato de que as refinarias enfrentam uma severa competição em um mercado de petróleo declinante", disse o analista sênior do setor energético Hidetoshi Shioda, da Mizuho Securities Co., em Tóquio.
Um porta-voz da Exxon, Atsuko Funo, de Tóquio, recusou-se a comentar a operação da Petrobras. A TonenGeneral é 51% de propriedade da Exxon, a maior empresa pública de petróleo do mundo. A Nansei Sekiyu K.K., que opera com 100 mil barris de petrpoleo por dia na refinaria de Okinawa, é 87,5% de propriedade da Sumitomo, a maior empresa comercial do Japão.
Investimento pesado
A Petrobras deve comprar ativos da refinaria japonsea no Japão porque a demanda por petróleo está crescendo na China. O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, não quis dar detalhes do assunto com para a imprensa no Rio de Janeiro.
A refinaria japonesa vai atualizar sua tecnologia com base nos processos de refino de petróleo cru usados pela Petrobras, que quer um acordo fechado até o final deste ano.
No rio de Janeiro, executivos da Petribras não foram localizados para comentar a operação. Um porta-voz da Sumitomo, Hideyuki Terajima, disse que sua companhia estuda planos futuros para a Nansei Sekiyu. No último dia 2 de setembro, a Petrobras informou ter completado uma operação de US$ 360 milhões para a compra de 50% de participação de uma refinaria que produz 100 mil barris diários em Pasadena, no Texas (EUA).
A China quer expandir sua capacidade de processamento de petróleo em 25% até 2010 a fim de atingir as necessidades de abastecimento de combustível para motores. Além disso, o consumo de eletroeletrônicos vem aumentando no país, o que eleva o consumo energético, segundo anunicou o governo, em março. O crescimento econômico da China foi de 11,3% no segundo trimestre deste ano, o maior em uma década, o que exige maior aporte energético.
Refinaria para exportação
A importação de produtos de petróleo pela China aumentou 26% , para to 25,8 milhões de toneladas, nos primeiros oito meses deste ano, e permaneceu em 3,8 milhões de toneladas em agosto, segundo dados da administração governamental do país.
A Nansei Sekiyu deverá ter duas opções para fortalecer seus negócios de refino - atualizar-se tecnologicamente para ampliar a capacidade de exportar produtos de petróleo, ou sucatear sua planta e construir um tanque de armazenamento no terminal de seu sítio, disse Hirofumi Kawachi, anaista do setor enegético da Mizuho Investors Securities Co. em Tóquio.
Em 2004, a Idemitsu Kosan Co., segunda maior refinaria japonesa, fechou sua unidade de refinaria em Okinawa, que produzia 110 mil barris diários, a fim de eliminar redundâncias e melhorar sua competitividade.
Okinawa e as ilhas vizinhas consomem 14,4 milhões de barris de produtos de petróleo, o que equivale a 1% da demanda total de petróleo do Japão.
(Por Yuji Okada e Shigeru Sato,
Bloomberg Ásia, 13/09/2006)