Meteorologista diz que é cedo para prever o impacto do El Niño na Amazônia
2006-09-13
O analista de meteorologia do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Renato Sena, disse ontem (12/9) que ainda é cedo para fazer previsões sobre os impactos do aquecimento das águas do Oceano Pacífico na região Norte. Na semana passada, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou que o fenômeno climático El Niño deverá se manifestar com intensidade no Brasil este ano, o que pode significar seca no Norte do país.
“Se o fenômeno El Niño se estabelecer nos próximos três meses, só vai ter conseqüências para a Amazônia no primeiro trimestre de 2007”, explicou Sena. “Essas conseqüências podem ser tanto para precipitação acima do normal (no norte do Amazonas, Pará, Roraima e Amapá) ou abaixo (no sudeste do Mato Grosso e Tocantins), dependendo da região Amazônica considerada”.
Sena esclareceu que o aquecimento das águas do Pacífico (que ocasiona o El Niño) tem quatro grandes áreas de ocorrência e pode se manifestar em épocas diferentes. “O oceano é muito dinâmico, é difícil fazer previsões sem saber exatamente onde e quando o fenômeno está acontecendo”, justificou.
O meteorologista explicou que o El Niño gera uma corrente de ar que desce sobre a América do Sul, e por isso dificulta a formação de nuvens em algumas regiões. “Isso aconteceu também na seca do ano passado, mas a corrente de ar veio do aquecimento do oceano Atlântico”, explicou Sena.
De acordo com Sena, o Sipam trabalha com previsões meteorológicas trimestrais. “Em setembro, outubro e novembro não há nenhum fenômeno climático de grande escala influenciando o tempo na região”, revelou.
Os dados do Serviço Geológico do Brasil confirmam que neste ano a vazante dos rios da Amazônia não será tão severa quanto em 2005. De acordo com o supervisor de hidrologia do órgão, Daniel Oliveira, o nível do rio Negro, em Manaus, ontem, era de 22,02 metros (contra 19,28 metros do mesmo dia do ano passado).
Em Porto Velho, segundo a engenheira hidróloga Adriana Burin, o rio Madeira está hoje com 2,66 metros de profundidade – no ano passado, na mesma data, a profundidade era de 1,70 metros.
(Por Thaís Brianezi, Agência Brasil, 12/09/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/09/12/materia.2006-09-12.6062701693