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2006-09-13
Se o PT ganhar as eleições para o governo do Rio de Janeiro, a política ambiental será um dos principais eixos de sustentação da administração estadual e será executada a partir de uma supersecretaria diretamente ligada ao governador. A promessa foi feita no último dia 04/09 pelo candidato do partido, Vladimir Palmeira, durante o jantar de lançamento do programa ambiental de governo da frente Um Rio para Todos (PT-PSB-PCdoB). A cerimônia contou com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e do secretário nacional da Pesca, Altemir Gregolin, além de parlamentares, candidatos e secretários municipais de Meio Ambiente dos partidos que compõem a frente.

Depois de afirmar que, no seu governo, "vai querer que a Secretaria de Meio Ambiente mande nas outras", Vladimir indicou o status que pretende dar à pasta ambiental: "Eu vou ter duas supersecretarias no meu governo: uma é a do Meio Ambiente e a outra a dos Direitos Humanos. São questões esquecidas. Para nós, desenvolvimento econômico sem defesa do meio ambiente não existe, é errado, equivocado. Para nós, a defesa do meio ambiente não é uma variante de política, é uma questão central da política de qualquer governo", disse.

Vladimir usou a educação ambiental como exemplo da transversalidade que pretende imprimir à política ambiental num eventual governo petista: "A Secretaria de Educação vai ter que obedecer à de Meio Ambiente em matéria de educação ambiental. Ela vai poder discutir a forma com que se faz a educação ambiental, mas o conteúdo da educação ambiental vai ser dado pela Secretaria de Meio Ambiente".

O candidato também criticou a política ambiental de outros governos: "É comum no Brasil termos Secretaria de Meio Ambiente somente para plantar árvore no Dia da Árvore". Trazer a população fluminense para participar do processo decisório sobre a política ambiental, segundo Vladimir, também será tarefa prioritária em seu governo: "Meio ambiente tem que ser feito com a população. Tem que ser dentro da luta ideológica, pra gente mostrar que a preocupação com o meio ambiente é um componente de nossa filosofia de vida e não um acidente ou um jogo eleitoreiro. Se não fizer com a população, não adianta", disse.

O candidato do PT fez questão de se posicionar à esquerda no atual cenário da luta ambiental e firmou um pacto com o movimento ambientalista fluminense: "Tenho vontade política de colocar a questão do meio ambiente como uma questão central nesse Estado. E apoiar não somente o meio ambiente, mas também a luta dos ambientalistas. Nós não queremos fazer um governo administrativo somente, nós queremos fazer um governo político, que compreenda a luta social. Na questão do meio ambiente, nós temos que pegar e defender a luta dos ambientalistas", disse, antes de receber demorados aplausos.

O candidato do PT prometeu que irá ouvir a opinião do movimento ambientalista na hora de decidir sobre os empreendimentos do governo que necessitarem de análise ambiental prévia: "Não basta ter uma solução técnica, não basta chegar lá e ter um respeito estrito a certas normas ambientais. É preciso reconhecer, envolver, aceitar e se deixar influenciar pelo movimento ambientalista", disse.

Vladimir estendeu sua promessa de aliança política à ministra Marina Silva: "A questão do meio ambiente aqui no Rio vai ter um governador aliado. Nós sabemos que há disputa também dentro do governo e que freqüentemente o presidente Lula arbitra [as diferenças]. Pois conte conosco, Marina, que nós vamos ser seus defensores", disse.

Além de Marina Silva e Altemir Gregolin, ouviram as palavras de Vladimir alguns secretários de Meio Ambiente de administrações petistas, como Antônio Carlos Neto (Nova Iguaçu), Jefferson Martins (Niterói), Hélio Wanderley (Paracambi) e Kátia Perobelli (Mesquita), entre outros. Também estiveram presentes os deputados estaduais petistas Carlos Minc e Alessandro Molon.

Silêncio sobre a Feema

Apesar do compromisso político assumido tanto com o Ministério do Meio Ambiente quanto com os movimentos sociais, Vladimir Palmeira não esconde estar longe de ser um profundo conhecedor das causas ambientais. Admitindo que "o governador é um generalista", ele reafirmou a vontade de contar com a ajuda dos especialistas do setor para tocar a área ambiental de seu eventual governo.

Como base de sua política, ele aposta no desenvolvimento do programa de governo feito por ambientalistas de PT, PSB e PCdoB: "O mais importante não vai ser o programa em si, que é esse acúmulo que a gente tem e que serve como um modelo, um roteiro para nós, e não como algo feito, pronto, acabado. A política concreta, expressa nesse programa como orientação, ela vai ser dada a cada passo, com a colaboração de cada um que vai estar no meu governo", disse.

O candidato petista detalhou alguns pontos do programa, como a relação com as empresas ou a realização do zoneamento agrícola do Estado, que é uma antiga reivindicação do movimento ambientalista: "Nós não vamos fazer nenhum contrato com empresa que polui o meio ambiente. Nós vamos disciplinar todos os contratos do Estado levando em consideração isso. Vou fazer o zoneamento agrícola, que é uma necessidade do Rio de Janeiro, numa política de inclusão onde a questão do meio ambiente é uma questão central".

Outros pontos do programa ambiental de governo, no entanto, ainda não parecem tão familiares a Vladimir. Apesar do documento da frente Um Rio para Todos ter como um dos seus principais itens a reformulação dos órgãos ambientais do Rio de Janeiro, ele se recusou a responder a uma pergunta formulada pela Carta Maior sobre uma possível intervenção de seu governo na Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), que é suspeita de diversas irregularidades e vem sendo investigada pela Polícia Federal: "Não fabrico frases nem manchetes", limitou-se a dizer o candidato do PT.
(Por Maurício Thuswohl, a href=http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=12089 target=_blank>Agência Carta Maior,07/09/2006)

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