Aracruz Celulose e Cemig tidas como “sustentáveis”
2006-09-13
Duas empresas que promovem destruição ambiental no Espírito Santo, a Aracruz Celulose - esta à frente nas agressões aos capixabas do interior - e a Cemig, responsável por tomar a usina de Aimorés do Espírito Santo, em parceria com a CVRD, conseguiram ser inseridas no "Índice Dow Jones Global de Sustentabilidade - (DJSI World) 2007".
O índice foi divulgado esta semana, mas está em vigor desde 18 de setembro. A Aracruz competiu no setor de produtos florestais e papel e, embora irônico, obteve destaque em todas as dimensões avaliadas.
O DJSI World incluiu seis empresas do Brasil: Aracruz, Bradesco, Banco Itaú, Cemig, Itausa e Petrobras. O DJSI World é composto por 318 empresas, abrangendo 58 setores e 24 países. Foi disputado por 2.500 companhias.
A Aracruz Celulose foi novamente selecionada para a seleta lista de empresas do Índice Dow Jones de Sustentabilidade, que destaca as melhores práticas em sustentabilidade corporativa no mundo.
A Rede Alerta Contra o Deserto Verde, criada com o objetivo de frear a expansão da monocultura do eucalipto no Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, formada por cerca de 100 entidades, luta pela devolução das terras que foram tomadas de indígenas, quilombolas e pequenos proprietários rurais, além de combater a exclusão social e exigir reforma agrária e recomposição da mata nativa.
Sobre a atuação da Aracruz Celulose, diz a Rede Alerta que a "luta contra a monocultura começou desde 1998 como uma reação à Assembléia Legislativa que queria aprovar um projeto que permitia a expansão do eucalipto sem nenhum controle. A Aracruz nunca pagou pela água que usa em suas duas fábricas, que consomem juntas o equivalente ao que consumiria uma cidade de 2 milhões de habitantes".
E que "as comunidades de Vila do Riacho, cercadas pelo eucalipto, não têm mais carvão para cozinhar e nem água para sua sobrevivência. Hoje, o apoio à luta pela demarcação da terra indígena é fundamental, porque apesar de pouco, os 11.009 hectares de terras que os índios Tupinikim e Guarani demarcaram, ajudam também na luta pela retomada das terras quilombolas".
Para Marcelo Calazans, da Fase Espírito Santo, "a reforma agrária barra a expansão do fomento florestal e por isso o MST é um parceiro fundamental na luta da Rede Alerta contra o Deserto Verde".
Hoje é muito importante o desenvolvimento de tecnologias de reconversão dos eucaliptos para a mata atlântica. Diz o texto da Rede Alerta Contra o Deserto Verde que a ação nefasta da Aracruz Celulose é também nos estados da Bahia, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. "Em comum, todos os relatos têm a agressividade das empresas de celulose na conquista de terras (por meios lícitos e ilícitos), as perdas ambientais e a desagregação de núcleos populacionais cada vez em maior escala".
O Índice Dow Jones Global de Sustentabilidade também seleciona a Cemig, considerando a empresa sustentável. Mas, para tomar a Usina Hidrelétrica de Aimorés do Espírito Santo, a Cemig em parceria com a CVRD, desviou e secou 12 quilômetros do leito Rio Doce. Criou um lago três vezes maior do que seria necessário caso a usina fosse construída no lugar tecnicamente indicado - em frente à sede de Baixo Guandu - prejudicando pescadores, pequenos produtores rurais e até doceiras.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário – ES, 12/09/2006)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2006/setembro/12/index.asp