INVESTIMENTOS PÚBLICOS NAS SOLUÇÕES AINDA SÃO TÍMIDOS
2001-10-11
A solução, mesmo sem ser definitiva, vem sendo buscada. Hoje, cada estado do país possui pelo menos dois outros técnicos-educadores, responsáveis pela capacitação de agentes municipais de saneamento. Teixeira que coordena e supervisiona esse trabalho na sede da Funasa em Brasilia, informa que o governo federal está acelerando o processo de formação dos agentes municipais. Nos últimos cinco anos foram investidos em obras, treinamento e capacitação para o saneamento R$ 1,2 bilhão. Só este ano a verba da Funasa, incluindo o projeto Alvorada (ver box), totaliza R$ 1,7 bilhão e já está programado o mesmo valor para o ano que vem. A Fundação espera capacitar mais de 600 agentes municipais de saneamento em 2001. Entre 1992 e 2000 foram 829 que receberam as 280 horas de treinamento em matérias como abastecimento de água, tratamento de esgoto, resíduos sólidos, educação ambiental e epidemiologia. -Nossa proposta hoje é envolver as famílias na solução do problema. Pela complexidade de fatores, é fundamental que a comunidade ajude, inclusive, a encontrar a melhor solução técnica, explica o educador. Além da capacitação e educação ambiental, o Rio Grande do Sul vem adotando soluções técnicas exemplares em saneamento. Com um Know-How de 27 anos o Programa de Saneamento da Secretaria Estadual da Saúde (Prosan) é responsável pelo atendimento das comunidades onde a mortalidade infantil é maior e que tenham problemas crônicos de saneamento. -Como todo nosso trabalho não é cobrado da população, visamos os mercados que as empresas de saneamento chamam de economicamente inviáveis, esclarece Régis Fernandes Silva, Diretor do Prosan. Além de cursos de educação ambiental, o programa executa projetos de abastecimento de água, rede de esgoto e instala módulos sanitários nos locais onde há necessidade emergencial, como foi o caso de Esteio com a descoberta do foco de Esquistossomose em 1997. Lá foram instalados 4 módulos para a população. Esse banheiro popular é o xodó do programa. Cada módulo é equipado com chuveiro, patente, tanque de lavar, sumidouro e fossa séptica. Tudo de montagem pré-moldada e seguindo as normas ambientais do país. -As pessoas chegam a chorar ao verem um banheiro novo, com chuveiro e tudo ser instalado em sua casa, diz o arquiteto Bolivar Turki, responsável técnico do Prosan e idealizador do módulo sanitário modelo. Na última década o programa instalou mais de 21 mil módulos, atendendo 56 mil famílias e 584 escolas em todo RS. -Mas isso é muito pouco, pois a demanda está crescendo com o aumento da pobreza, acredita Bolivar. Atualmente o Programa possui 13 regionais no estado. Em cada uma delas há um inspetor capacitado para orientar e promover cursos e projetos de obras. Para uma comunidade se candidatar a receber o apoio do Prosan, é necessário haver um levantamento epidemiológico, relatado em um inquérito dos agentes comunitários de saúde e remetidos aos conselhos regionais de saúde. Caso aprovado, o projeto começa a ser implantado quase que imediatamente, já que existem módulos estocados desmontados, visando o atendimento de urgências. Para novos projetos o investimento é baixo. Um módulo completo e instalado custa R$ 500,00. Segundo Bolivar, 20 operários podem fabricar 500 módulos em um mês.