Custo da certificação dos produtos orgânicos ainda é alto
2006-09-12
Os produtos orgânicos devem ultrapassar um longo processo até que seus preços sejam reduzidos. A previsão do pesquisador, doutor em agronomia e coordenador do projeto de produção integrada do caju da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Vítor Hugo de Oliveira, apóia-se no entrave da certificação internacional das frutas, ou melhor, o custo desse processo para os pequenos produtores. "Esse pequeno produtor precisa estar reunido através de associações, pois é extremamente complicado para ele conseguir essa certificação, devido ao custo", afirma Oliveira.
A questão da certificação é um dos temas a serem abordados durante a 13ª Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria (Frutal 2006), que começa hoje no Centro de Convenções. Oliveira ministra durante o evento, o curso Produção, Pós-colheita e Certificação em pomares de cajueiro. Ao longo da semana, serão cursos, seminários e palestras abordando temas referentes aos desafios do segmento. Em sua palestra, Oliveira deve levantar a questão do associativismo como forma de chegar à comercialização internacional.
"O consumidor nacional e mundial cada vez mais está de olho na qualidade, no alimento seguro e oriundo de processos certificados", aponta. A perspectiva da Embrapa é que o preço diminua à medida que mais produtores ingressem nesse mercado e mais empresas certificadoras sejam criadas. Inicialmente exclusiva para o mercado externo, a comercialização interna de orgânicos já conta com processos de certificação.
Oliveira explica ainda que a Embrapa tem desenvolvido um papel de orientação junto a esses produtores quanto aos critérios de certificação internacionalmente exigidos. A certificação é cara, mas com relação ao plantio, a instituição ainda não tem a certeza de qual forma seria mais barata: a convencional ou orgânica. Como diz Oliveira, a utilização de insumos orgânicos e a dispensa de agrotóxicos apontam para uma cultura menos onerosa para o produtor. "Não se pode desprezar também que é difícil computar o valor dos danos causados ao meio ambiente", observa.
O processo de certificação dura em média um ano. Com critérios distintos para o mercado europeu e o americano, o Brasil tenta hoje emplacar um sistema próprio, a Produção Integrada de Frutas (PIF). "O Brasil hoje está trabalhando no sentido de fazer com que o sistema PIF tenha um reconhecimento internacional, que o produtor de frutas credenciado ao PIF tenha o reconhecimento do sistema europeu", adianta o pesquisador.
(O Povo – CE, 11/09/2006)
http://www.opovo.com.br/opovo/ceara/