Cresce o uso de materiais retirados do lixo das ruas e da indústria em construção e decoração
2006-09-12
Pode um pneu velho ser transformado em piso de jardim? Ou uma caixa de papelão para ovos ser usada como telha? E pó de
serragem daria uma bonita cadeira? A resposta é sim, para todos os casos. Montar e decorar uma casa com matéria-prima
reciclada como essas é uma alternativa adotada não apenas pelos ecologicamente corretos mas também por apreciadores de
elegância da sala à cozinha. São conclusões retiradas da Reciclasa, que durante dez meses irá percorrer o País, passando por
Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e Fortaleza, entre outras cidades.
Desenvolvida pela área de responsabilidade social da IBM e com curadoria da ONG Leia Brasil, ela apresenta exemplos de
objetos tirados dos lixos urbano e industrial e até de demolições. São cinco cômodos preparados para que as pessoas possam
conhecer as possibilidades que a reciclagem permite. “Uma vantagem é que se aproveita da natureza um insumo que ela já deu.
Outra é dar novo uso para um produto que teve sua missão cumprida”, diz Jason Prado, organizador da exposição.
Estimular as pessoas a procurar produtos nessa linha é o objetivo da exposição. Para construir há opções curiosas. Na
capital paulista, a empresa Verdeal comercializa um piso para calçada feito com raspas de pneu. Quanto à decoração, o
mercado fornece de bibelôs de sucata a quadros com latinhas. E há trabalhos de design, como o de Domingos Tótora, de Minas
Gerais, que adotou papelão para construir um banco. Os especialistas afirmam que o uso de artigos reciclados ou ecológicos
é uma tendência cada vez mais forte no Brasil. “Hoje há uma produção maior e ficou mais fácil encontrá-la nas lojas”,
explica Pólita Gonçalves, pesquisadora de reaproveitamento do lixo.
Outra alternativa é comprar produtos com madeira que tenha certificado de origem. Isso quer dizer madeira extraída de
florestas nativas ou plantadas sem colocar em risco o equilíbrio ambiental. Há móveis e material para construção com selo de
garantia. “O mercado está crescendo muito nos últimos anos. Em 1997, havia uma empresa com o selo. Hoje são mais de 300”,
conta Marisa Simões, do Projeto Compradores de Produtos Florestais Certificados, que tem 63 associadas. Existem cinco
certificadoras no Brasil. Uma delas oferece um selo internacional, o do Conselho de Manejo Florestal, ou FSC. Peças com
esses certificados são encontradas em grandes lojas de móveis. Como muitas delas são trabalhos de design, o preço é de
design. Ou seja, podem custar um pouco mais. Mas a natureza agradece o investimento.
(IstoÉ, 13/09/2006)
http://www.terra.com.br/istoe/