MUDANÇA DA ABORDAGEM MÉDICA FOI O PRIMEIRO PASSO DE UMA LONGA CAMINHADA
2001-10-11
A busca de uma estatística que relacione saneamento e saúde está ligada a uma mudança na abordagem médica. -Até uma década atrás a postura dos órgãos públicos frente às questões de saúde se dava através de ações curativas. Isso começou a mudar com a adoção do conceito preventivo na medicina, onde a preocupação é de que a população não adoeça, lembra Lúcia Mardini. Pelo menos três ministérios, três secretarias do estado, além das prefeituras são as autarquias envolvidas na questão. -O problema é multifacetário. Muitas regiões atingidas por essas doenças são áreas de invasão e também de preservação permanente, conta a coordenadora. É o caso do município de Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre, onde há um foco de esquistossomose. Em relação à leptospirose, dos 873 casos registrados este ano no estado, apenas os da região metropolitana de Porto Alegre (248) são ligados à questões de saneamento. -A maioria está relacionada ao meio rural onde os agricultores trabalham sem equipamentos de proteção, explica. Desde o ano passado o RS vive um surto de hepatite, com mais de 4.000 gaúchos infectados. A grande maioria dos casos da doença são do tipo A e E, que tem a via hídrica como uma das formas de disseminação. Em 2000 só os casos da hepatite A chegaram a 2,5 mil. -Os surtos são atribuídos à falta de saneamento, garante Claudete Kmetzch, chefe da divisão de Doenças Agudas Transmissíveis da SES. Em doenças menos perigosas os números crescem.