Shell investe na distribuição de biodiesel
2006-09-11
O Programa Brasileiro de Biodiesel, que tem pouco mais de dois anos,
já atrai a atenção de investidores de vários países. Contudo, segundo
os analistas, ainda existem problemas que podem comprometer seu
desenvolvimento, entre eles, os gargalos de infra-estrutura e
transporte além do temores quanto a adulteração do produto. "Se não
houver um controle de fiscalização, os produtores serão prejudicados.
É preciso que seja mantida uma rigidez na fiscalização e na cadeia
logística porque o risco é grande e os preços precisam ficar
competitivos para compensar o custo de produção", afirma Adriano
Dalbem, diretor de suprimentos da Shell Brasil.
A empresa procura incrementar a venda do combustível em sua rede de
mais postos e grandes consumidores que são abastecidos diretamente.
"O biodiesel ainda é novo, mas tem potencial para alcançar níveis de
venda pelo mundo, como o álcool", afirma Dalbem.
Para garantir a qualidade do produto, a distribuidora deve investir
cerca de R$ 12 milhões - 50% ainda este ano e o restante até o final
de 2007 - para a construção de tanques, misturadores, linhas de
transporte e depósitos. De acordo com o executivo da Shell, o valor
pode parecer pouco, porém, a partir desse processo a empresa tem
outra expectativa de investimento. "Até 2008 vamos cumprir a meta de
adquirir 100 milhões de litros de B2 (sigla do diesel que recebe a
adição de 2% do biodiesel), que representaram 120 milhões de litros de
B100 (código da empresa para o biodiesel ainda puro), o que significa
aproximadamente 12% do mercado.
No último leilão da Agência Nacional de Petróleo (ANP), realizado em
agosto, o biodiesel foi vendido com preços variando entre R$ 1,70 a
R$1,90 e o diesel de R$ 1,40 e R$ 1,50.
Visão estratégica
O diretor de projetos governamentais da consultoria Expetro, Sérgio
Leite, fez um alerta sobre como iniciar a produção de biodiesel. "Se
um produtor estiver interessado em investir em biodiesel deve primeiro
entender do setor, ficar atento ao mercado interno e principalmente
externo, ter uma visão estratégica do negócio, procurar qualidade na
equipe de gestão e ter principalmente capacidade para produzir em
grande escala", afirma.
Sobre a comercialização do produto no mercado internacional, Gonzalo
Terracini, consultor da empresa argentina FCStone, afirma que os
grandes produtores já perceberam que existe um potencial de consumo em
âmbito mundial. Justificou sua colocação lembrando que a Europa
lidera a produção mundial com 65 novas unidades de biodiesel. "Tudo
que está sendo produzido, será consumido", garantiu. Segundo a
consultoria, FCStone, na Alemanha entre 2002 e 2006, o biodiesel
ganhou mercado com a substituição do óleo originário da soja pelo de
canola.
No Brasil para atender a demanda, será necessária uma ampliação da
área plantada de soja até 2013, quando está prevista a adição de 5% de
biodiesel no diesel (B-5).
(Por Ivonéte Dainese, Gazeta Mercantil, 11/09/2006)
http://www.gazetamercantil.com.br/integraNoticia.aspx?Param=9%2c0%2c1%2c197001%2cUIOU