Bolhas de metano em lagos da Sibéria estão ligadas ao aquecimento global
2006-09-11
Devido ao efeito de aquecimento que o metano possui sobre o planeta Terra, bolhas nos lagos Russos estão intensificando as mudanças climáticas, ao mesmo tempo que são causadas por ele.
Todos estes efeitos acabam desencadeando um ciclo, onde o aquecimento gera ainda mais aquecimento.
A material orgânica em processo de decomposição depositada em mangues e fundos de lagos, pode gerar o metano, o qual tem um poder de aquecimento muito mais forte do que o dióxido de carbono.
Até recentemente, a maioria dos cientistas acreditava que o fundo dos lagos era uma fonte pouco importante de metano.
As bolhas de metano já existem nos lagos da Sibéria há muito tempo, mas eram intermitentes e difíceis de serem mensuradas.
Apesar disso, recentemente um time internacional de pesquisadores norte americanos e russos, perceberam que a melhor época para observar as bolhas era durante o inverno. Nesta estação, os pesquisadores podem andar ao longo da superfície congelada dos lagos, analisando minuciosamente as bolhas presas no gelo.
Eles descobriram que as emissões do fundo dos lagos é tão grande, que ao considerá-las, aumenta a estimativa total das emissões Árticas de 10 para 63%. Esta descoberta será publicada na edição de amanhã da revista Nature.
Não tão congelado
O metano parece ser produzido pelo degelo do permafrost (o que deveria ser uma cada de solo permanentemente congelada) devido ao aquecimento global, segundo a principal autora do estudo, Katey Walter do Instituto Fairbanks de Biologia Ártica da Universidade do Alaska.
Em geral, diz ela, a quantidade de matéria orgânica enterrada na tundra da Sibéria é equivalente a de todas as florestas tropicais do mundo.
Ao passo que o aquecimento global derrete o permafrost, bactérias decompõe a matéria orgânica ali contida, liberando metano para os lagos.
Utilizando datação por radio-carbono, o time de Walter determinou que o metano que está sendo produzido abaixo dos lagos é proveniente da matéria orgânica morta há 42.900 anos, mas só está sendo decomposta hoje, pre-supostamente devido ao aumento atual das temperaturas. O derretimento do permafrost causou um aumento de 14% na área dos lagos nas últimas décadas, adicionou ela. “É uma bomba relógio”.
Este novo trabalho é importante, diz Walter Oechel do Grupo de Pesquisas de Mudanças Globais da Universidade Estadual de San Diego, Califórnia. Ele ajuda a quantificar o grau de aquecimento climático resultante do aquecimento do Ártico, diz ele.“Não é somente significante, mas maior do que o esperado,” disse Oechel.
Além da produção de metano no fundo dos lagos, disse ele, há também o risco de que o aquecimento global derreta permafrost que contém metano.“Este é um grande estoque de metano,” disse Oechel alertando que este estoque se fosse liberado, ultrapassaria de longe o atual aquecimento causado pela liberação de dióxido de carbono por fontes diversas.
(Por Richard A. Lovett, Carbono Brasil, com informações de National Geographic, 08/09/2006)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=14941&iTipo=5&idioma=1