Maior evento socioambiental da América Latina discutirá propostas para o desenvolvimento sustentável
2006-09-11
Em todo o mundo, graves problemas socioambientais e econômicos comprovam a importância de uma sociedade sustentável. A discussão de questões vinculadas ao desenvolvimento com sustentabilidade como energias renováveis, ameaça de crises energéticas, gestão de recursos hídricos, legislação ambiental, administração de resíduos sólidos e responsabilidade social estão na pauta dos mais importantes organismos internacionais. E todos estes temas serão também debatidos no Brasil, por empresários, sociedade civil e o poder público durante a Ecolatina - 6ª Conferência Latino-Americana sobre Meio Ambiente e Responsabilidade Social, o maior evento socioambiental da América Latina. O evento reunirá 5 mil pessoas, especialistas de 13 países em mais de 35 eventos entre fóruns, seminários, cursos e encontros técnicos.
A Conferência, que será realizada em Belo Horizonte (MG) de 18 a 21 de setembro, tem como tema central: "Energia e Meio Ambiente: o desafio que temos pela frente". O evento conta, em sua lista de convidados, com o diretor-geral da Unesco no Brasil, Vincent Defourny;o coordenador do Programa de Formação Ambiental para a América Latina/Pnuma, Enrique Leff; o diretor-executivo da GE Mundial e criador do Ecoimagination, Marc Stoller; o presidente da Fiat do Brasil e América Latina, Cledorvino Belini, o presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), Israel Klabin; o secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa; o diretor do Banco Mundial para o Brasil, John Bristoe; o diretor de Planejamento e Projetos Sociais da TV Globo, Albert Alcouloumbre e o presidente da Eletrobrás, Aloísio Vasconcelos.
Uma das principais discussões do evento será sobre a necessidade de mudança da matriz energética do Brasil. O país, segundo especialistas, tem um enorme potencial para explorar fontes alternativas e renováveis, além de um mix de recursos no território nacional. Dados da Agência Internacional de Energia (IEA) indicam que 40% do consumo energético já provêm de energias renováveis como biomassa, energia solar e eólica. No dia 21, o chairman do Conselho Mundial de Energia Renováveis, Wolfgang Palz, fala sobre mudanças climáticas e Movimento de Desenvolvimento Limpo.
Para o coordenador do evento, Ronaldo Gusmão “somente com informação e educação é que teremos condições de contribuir para a solução dos graves problemas pelos quais o país passa, como os sociais, ambientais e econômicos”.
Mercado de carbono
Desconhecimento sobre especificidades técnicas gera dificuldades na elaboração dos projetos e na captação de recursos; evento internacional apresentará formas de financiamento e comércio. As atividades industriais jogam por ano na atmosfera sete bilhões de toneladas de CO2. Em 2005, depois da assinatura do Protocolo de Kyoto, mais de 1% do C02 emitido no ar - 799 mil toneladas – já virou dinheiro. E muito dinheiro: 9,4 bilhões de Euros. E a perspectiva é de crescimento. Estima-se que o mercado de créditos de carbono irá movimentar pelo menos 30 bilhões de Euros (cerca de R$ 90 bilhões) até 2007. Parte desse dinheiro começa a chegar ao Brasil. De acordo com dados da Trevisan Consult, o Brasil tem um potencial para captar cerca de 20% do mercado de poluição, o equivalente a R$ 18 bilhões.
Como participar deste filão de mercado, obter financiamento e entrar no comércio internacional, um dos grandes desafios desse segmento, é um dos temas do Fórum Mudanças Climáticas e MDL, que acontecerá durante a ECOLATINA 2006. De acordo com um dos palestrantes do painel, o diretor comercial para o Mercado de Carbono do banco Sumitomo Mitsui Brasileiro, Hajime Uhida, o maior entrave para o desenvolvimento desse mercado no país é a falta de conhecimento dos empresários sobre as especificidades técnicas o que gera grandes dificuldades na elaboração dos projetos. “Temos linha de financiamento sem limites para investimento em mercado de carbono. Mas não utilizamos porque a maioria dos projetos não é aprovada”, afirma ele. “Há muitos bons projetos potenciais, mas não se concretizam”.
O painel acontecerá dentro do Fórum Mudanças Climáticas e MDL, que discutirá também realidades e desafios; desenvolvimento e gestão de projetos. Estarão presentes Wolfgang Palz, chairman do Conselho Mundial de Energias Renováveis (WCRE), Hernán Carlino, do Ministério do Meio Ambiente da Argentina, e Marcelo Junqueira, vice-presidente da Ecoenergy Corporation Brasil, entre outros. O fórum será presidido pelo secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa.
Líderes Empresariais
As principais lideranças empresariais do país estarão presentes na ECOLATINA 2006 discutindo sustentabilidade e já apresentando resultados de investimentos privados em ações de desenvolvimento com responsabilidade social. O Fórum de Líderes Empresariais para Desenvolvimento Sustentável será no dia 19 e reunirá importantes nomes de grandes grupos brasileiros e de outros países como o presidente da Alpargatas, Márcio Utsch; o presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young, a diretora-executiva do Banco ABN Amro Real, Maria Luiza Pinto, entre outros. Neste dia, serão avaliados os conhecimentos, estratégias e alianças necessárias para construção da sustentabilidade e apresentadas experiências de sucesso.
O poder público também estará reunido na ECOLATINA 2006 no Fórum Oficial Brasileiro de Mudanças Climáticas. Realizado anualmente em Brasília, foi transferido para o evento. O objetivo é criar uma agenda nacional de trabalho, discutir iniciativas e trocar experiências municipais e estaduais. Entre os vários temas debatidos estarão: Legislação e contabilidade ambiental; Gestão de recursos hídricos; Comunicação empresarial para o desenvolvimento sustentável; Administração de resíduos sólidos; Inovação tecnológica e sustentabilidade; Responsabilidade social empresarial; Gestão ambiental de áreas degradadas
Feira Internacional de Tecnologias
Durante a ECOLATINA 2006, também será realizada a Feira Internacional de Tecnologias, Produtos e Serviços Ambientais e de Responsabilidade Social e uma rodada de negócios, onde empresários e pesquisadores apresentarão as tecnologias desenvolvidas e terão, com as vendas e o networking estabelecido, a oportunidade de obter os melhores resultados de negócios no setor ambiental. São esperados mais de 20 mil visitantes durante a feira, que oferece oportunidades de negócios e parcerias com apresentação de tecnologias inovadoras.
Apostando no sucesso do evento, empresas como Eletrobrás/Furnas, Grupo Arcelor, Companhia Vale do Rio Doce, Bayer S/A, participarão da feira. A Petrobras exibirá em seu estande projetos referentes aos trabalhos realizados para conservação de energia. Para o fiscal de Contratos da Gerência de Responsabilidade Social da Gerência Setorial de Programas Ambientais da empresa, Carlos Torres, “a idéia é apresentar protótipos de equipamentos e as mais inovadoras tecnologias sobre energia eólica e solar, além de biocombustíveis”.
Petrobras discute ecoeficiência e mudança climática em seminário gratuito
A Petrobras escolheu a ECOLATINA para promover o seminário Sustentabilidade Ambiental da Indústria do Petróleo, Gás e Energia. Nomes internacionais, como Kyle Datta, do Rocky Mountain Institute, e Christopher Seiple, da Cambrige Energy Research Associates, virão à Ecolatina a convite da empresa. Seiple falará sobre energias renováveis.
O evento é gratuito e liberado ao público. Entre os vários painéis programados, está também o debate sobre petróleo, gás e mudança climática global; mercado de carbono e uso de derivados; tecnologias para eficiência energética e meio ambiente. A ECOLATINA 2006 tem o patrocínio da Petrobras, Arcelor, Eletrobrás, Companhia Vale do Rio Doce e Banco Real, apoio da CEMIG, COPASA-MG, Sebrae-MG, Fapemig, Furnas e co-patrocínio de organismos da ONU, Câmaras de Comércio e ONGS.
Informações e inscrições: (31) 3223-6251
(Jornal do Meio Ambiente, 11/09/2006)
http://www.jornaldomeioambiente.com.br/JMA-index_noticias.asp?id=11063