Ministério estuda aumento da participação do carvão mineral na matriz energética
2006-09-11
O Ministério da Ciência e Tecnologia pretende investir cerca de R$ 3,5 milhões em pesquisas no setor de carvão mineral, cuja atividade foi reduzida desde a década de 80. Um comitê gestor foi criado para impulsionar o projeto, cuja etapa inicial é a de consolidação dos laboratórios existentes na área.
O objetivo, segundo o engenheiro Antonio Campos, especialista em tratamento de minério e carvão, e representante do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) no comitê, é ampliar a participação do produto na matriz energética, dos atuais 2% para 5% até 2015.
Essa retomada, explicou, se deve à alta do petróleo no mercado internacional e, também, aos problemas com o fornecimento do gás boliviano. Com isso, acrescentou, o governo está prevenindo um eventual "apagão" e também "preparando a independência do gás da Bolívia e do petróleo, por exemplo".
Como a pesquisa nessa área ficou paralisada por muito tempo, os laboratórios terão que ser atualizados e modernizados. A maioria deles está instalada no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, detentores das maiores reservas de carvão mineral e do maior nível de produção no país, respectivamente. As reservas em toda a região Sul somam cerca de 31 bilhões de toneladas que estão, de acordo com o Cetem, intocadas há pelo menos 20 anos.
Campos explicou que com o fim do Programa de Mobilização Energética, na década de 80, as pesquisas de carvão mineral sofreram redução “porque não havia demanda”. E lembrou que "no governo Collor, o mercado desse carvão foi aberto para o mundo. Então, as siderúrgicas já não queriam mais saber do carvão brasileiro, cuja qualidade era pior que a do carvão importado. Por problemas de transporte, ele chegava mais caro que os concorrentes. E, com a abertura, acabou o mercado de carvão metalúrgico”.
O Brasil acabou ficando apenas com o carvão energético ou mineral, cuja produção era destinada às usinas termelétricas, cimenteiras e à indústria de papel e celulose, entre outros usos. “Por isso é que se fala da retomada do carvão, porque o carvão metalúrgico acabou e ficou só o carvão energético”, destacou o especialista.
Os equipamentos que serão adquiridos para os laboratórios e as indústrias terão de adotar a chamada tecnologia limpa, não poluidora. Segundo Campos, o projeto prevê ainda cooperação técnica internacional e treinamento de pessoal – o Cetem dará cursos em gestão ambiental, softwares e usinas de beneficiamento de carvão, participando ainda de pesquisas não-convencionais.
A produção atual de carvão energético do Brasil é de cerca de 5 milhões de toneladas/ano e a primeira etapa do projeto deverá se estender até o próximo ano.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 08/09/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/09/08/materia.2006-09-08.4992465057