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2006-09-08
A busca de alternativas que possam complementar a renda da lavoura de fumo levou cerca de 100 agricultores a participarem terça-feira (05/09), em Rio Pardo, de um seminário sobre a produção de oleaginosas destinadas à extração de biodiesel. O evento, realizado no Centro Regional de Cultura, contou com a participação de representantes de uma das maiores empresas produtoras do Estado, a BS Bios, técnicos da Emater e integrantes do Sindicato Rural, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Agência de Desenvolvimento de Rio Pardo.

Não chegaram a ser anunciados projetos a serem desenvolvidos tanto em nível municipal quanto regional. Entretanto, as palestras serviram para esclarecer os agricultores sobre as potencialidades de cultivo de grãos que possam ser utilizados na indústria. Um dos modelos apresentados é o desenvolvido desde 2005 em Arroio do Tigre, onde foram plantadas lavoura de mamona.

De acordo com o presidente da Agência de Desenvolvimento, Roberto Raupp, é necessário encontrar opções de culturas que possam complementar a renda dos produtores de fumo.

Convênio

No município, de acordo com o chefe do escritório da Emater, Eber Paganotto, serão implantadas cinco lavouras experimentais de mamona destinadas à extração de sementes para beneficiamento na indústria. Por meio de um convênio com uma empresa rio-pardense, serão produzidos 25 hectares com a planta. “É a primeira ação nesse sentido, mas pode representar o caminho para a produção de biodiesel”, disse. Ele lembrou ainda que Rio Pardo tem solo e condições climáticas apropriadas para isso.

O representante da BS Bios, de Passo Fundo, Erasmo Battistella, explicou o mecanismo de funcionamento da indústria extrativa e disse que a fábrica, prevista para funcionar a partir do ano que vem, tem condições de receber produção de todo o Estado. “Se em Rio Pardo houver matéria-prima, poderemos nos abastecer aqui”, explicou.

Plantio já teve início em Passo do Sobrado

O projeto experimental para produção de biodiesel da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) já está sendo desenvolvido em Passo do Sobrado. O objetivo é apresentar uma nova alternativa para diversificação produtiva das áreas cultivadas com fumo.

Dentre os beneficiados está o agricultor José Salomão de Queiroz, que já começou a preparar sua plantação de girassol. O projeto é desenvolvido em 30 municípios. Em cada um deles foram selecionados produtores que implantaram lavouras experimentais de um hectare, onde são cultivadas cerca de 45 mil plantas.

Pelo convênio, a Afubra fornece a semente, os insumos e o acompanhamento técnico, por meio de recursos financeiros do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), previstos no Programa de Diversificação. A Prefeitura entra com o preparo do solo e o produtor com a mão-de-obra (plantio e colheita).

No caso de Queiroz, a plantação está sendo acompanhada pelo técnico agrícola Nataniel Sampaio. Segundo ele, depois da colheita, o girassol é levado para o beneficiamento dos grãos, o que deverá ocorrer em uma unidade que será instalada na Estação Experimental da Afubra em Rincão Del Rey, Rio Pardo. Das sementes, será extraído o óleo para produção de biodiesel, enquanto que a torta – resíduo resultante da prensagem – será destinada para alimentação animal.

De acordo com o técnico, do total produzido, 75% volta para o produtor – desse montante, 60% retorna em torta e 40% em biodiesel. Vinte e cinco por cento do produto fica com a Afubra. Cada 100 quilos da planta pondem render até 40 litros de óleo. O trabalho tem como foco a pesquisa e o experimento, cujas análises serão feitas pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Se os resultados forem positivos, a atividade poderá se tornar uma opção para agregar renda ao fumicultor.
(Por Dejair Machado, Gazeta do Sul, 06/09/2006)

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