Nessa nova etapa, termoelétrica deve gerar mais 350 MW utilizando carvão como combustível. A Eletrobrás espera para daqui a um ou dois meses o início das obras da Fase C da usina de Candiota 2, localizada no Sul do Rio Grande Sul, próximo à fronteira com o Uruguai. A previsão foi feita na noite de terça-feira (05/09), em Porto Alegre, pelo chefe da Divisão de Relações com Investidores da empresa, Arlindo Soares Castanheira, durante apresentação dos resultados da estatal em reunião organizada pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). A usina a carvão teve contratados 292 MW médios por 15 anos no leilão de energia nova realizado em dezembro do ano passado.
O projeto, orçado em aproximadamente R$ 1 bilhão, será financiado pelo conglomerado chinês Citic Group, e aguardava apenas a aprovação final do acordo bilateral Brasil-China acertado entre os dois países em 2004. O acordo foi ratificado na terça-feira pela Câmara dos Deputados e na quarta-feira (06/09) pelo Senado.
Castanheira lembrou que, por meio da controlada Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), a Eletrobrás já tem uma capacidade de geração de 450 megawatts em usinas termoelétricas à carvão no Rio Grande do Sul e, com a construção da fase C, em Candiota, no Sul gaúcho, serão agregados mais 350 MW. "Ainda podem ser construídos de 2 mil a 3 mil MW", estimou Castanheira na reunião da Apimec, referindo-se às reservas do mineral no estado e à aposta da Eletrobrás no carvão com uma opção de futuro para a diversificação da matriz energética brasileira.
Conforme cálculos da CGTEE, a venda da energia contratada no leilão do final do ano passado deverá gerar uma receita anual de R$ 331 milhões anuais, somando R$ 4,8 bilhões durante os 15 anos. A térmica deve estar operando em 2010. Para atender a Fase C, a estatal gaúcha Companhia Riograndense de Mineração (CRM) está investindo R$ 20 milhões para ficar apta a extrair um volume maior de carvão. O fornecimento se situa hoje em 1,6 milhão de toneladas anuais e deverá passar para cerca de 4,2 milhões.
Além da Face C, a CGTEE também estuda a possibilidade de uma Fase D, que seria construída apenas para abastecer o Uruguai. Os governos dos respectivos países deverão apresentar nos próximos meses um estudo detalhando o projeto que, para ser implantado, exigiria também a construção de uma linha de transmissão entre os dois países e uma conversora de corrente elétrica.
Distribuidoras à venda
A Eletrobrás espera começar, a partir do ano que vem, a vender as distribuidoras que ainda possui no Norte e Nordeste do País. De acordo com Castanheira, a privatização da Companhia Energética do Piauí (Cepisa) e da Companhia Energética de Alagoas (Ceal) poderá acontecer ainda no decorrer de 2007, bastando apenas uma decisão do Conselho Nacional de Desestatização (CND).
Eletroacre e Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron) poderiam ser vendidas em dois anos porque ainda dependem da construção de uma linha de transmissão para estarem interligadas com o restante do País. A mesma pendência ocorre com a Companhia Energética do Amazonas (CEAM) e com a Manaus Energia, mas os prazos, nesses casos, deverão ser maiores. No caso da BV Energia, de Roraima, como o consumo de energia tem sido menor que o estimado, a empresa ainda não oferece atrativos para a iniciativa privada.
(Por Caio Cigana,
Gazeta Mercantil, 08/09/2006)