Nesta sexta-feira (08/09), o AmbienteJÁ traz a entrevista com o candidato a governador de Santa Catarina Antônio Carlos Sontag (PSB). Nascido no Rio Grande do Sul, o empresário vive e trabalha há cerca de 30 anos na Grande Florianópolis. Sua holding, a Sontag Participações, abriga quase uma dezena de empresas. Sontag é presidente estadual do PSB, mas nunca disputou uma eleição. Evangélico ligado à Igreja Quadrangular, ele é anunciado como o primeiro candidato do segmento a disputar uma eleição majoritária em Santa Catarina. Seu nome passou a ser mais conhecido depois que passou a apresentar um programa de entrevistas na TV.
AmbienteJÁ: De acordo com relatório divulgado pelo Ministério Público de Santa Catarina em novembro de 2005, apenas 12,63% dos municípios catarinenses têm sistema de coleta e tratamento de esgotos. Que medidas serão tomadas para melhorar este quadro em seu governo, caso seja eleito?
Antônio Carlos Sontag: Entendemos que o governo atual e anteriores de Santa Catarina ficaram devendo neste tema central do desenvolvimento, mesmo por ser uma questão fundamental concernente à qualidade de vida e saúde pública nas cidades. É nossa prioridade de governo viabilizar uma política de saúde e meio ambiente que considere o foco no tratamento de esgoto. Os meios para implementar esta infra-estrutura de tratamento por meio dos mecanismos disponíveis pelas Parcerias Público Privadas. Desta forma, poderemos avançar na solução deste tema, enquanto criamos simultaneamente soluções de saneamento e uma dinâmica de geração de emprego e renda por todo o Estado.
AJ: Santa Catarina é o 4º Estado no ranking nacional de reciclagem de lixo. Que políticas seu governo pretende desenvolver para estimular essa atividade?
ACS: Devemos avançar muito mais. Existe muito a fazer nas questões ambientais relativas a criar formas e meios mais efetivos de reciclagem. Com relação às políticas relativas ao tema reciclagem, projetamos apoiar iniciativas de origem pública como também privada. Por um lado, deveremos nos concentrar em proteger e manter o meio ambiente dando um destino adequando ao lixo por meio do conceito “lixo que não é lixo” como acontece normalmente com lixo de alumínio, papel e plásticos, considerando o valor do lixo como matéria-prima para gerar renda. Em vários níveis, nas cidades, temos presenciado o surgimento de oportunidades de renda tais como catadores de lixo, cooperativas de reciclagem e empresas de reciclagem. Em alguns municípios ou regiões, a atuação normalmente não está alinhada a um arranjo produtivo completo. Não se manifestam organizados como deveriam ser para criar maior sinergia de forma alcançar resultados mais efetivos de reciclagem.
AJ: Qual será a política de seu governo em relação às Unidades de Conservação Estaduais e Federais já existentes no Estado?
ACS: A nossa política deverá manter ação da Fatma na questão da administração com relação às unidades estaduais. Com relação às unidades de conservação federais, pretendemos apoiar um processo de cooperação.
AJ: O senhor pretende criar novas Unidades de Conservação em Santa Catarina? Se sim, quais?
ACS: Não temos conhecimento deste tipo de necessidade. Precisaríamos de um diagnóstico técnico. Câmaras temáticas serão criadas para avançar neste tema.
AJ: A mata de araucária, também conhecida como floresta ombrófila mista, está reduzida a 1% da cobertura original no Estado e corre risco de extinção. Que medidas seu governo tomará para proteger este bioma?
ACS: Um dos eixos estratégicos do nosso projeto de governo está relacionado à infra-estrutura e meio ambiente. No caso específico da floresta de araucária, entendemos que, para assegurarmos a sua preservação, teremos que implementar medidas que a assegurem uma sustentabilidade em longo prazo. Neste sentido, vamos investir na conscientização da população sobre a importância de manter e ampliar as reservas existentes no Estado, destinar recursos financeiros para as universidades realizarem pesquisas no sentido de manter o banco genético, realizar parcerias com organizações ambientais para intensificar a fiscalização sobre a exploração da madeira e criar uma instância, interinstitucional, permanente para realização de estudos e planejamento para a consolidação a implantação de um programa de recuperação e reflorestamento floresta nativa.
AJ: Qual será a política de seu governo em relação à implantação de novas usinas termelétricas e hidrelétricas?
ACS: Novas usinas deverão ser sempre consideradas, mas serão necessários novos estudos técnicos e ambientais.
AJ: Que ações seu governo desenvolverá pra estimular a implantação de energias alternativas?
ACS: Os incentivos de energias alternativas deverão estar em harmonia com as políticas nacionais, principalmente com as fontes alternativas de energia de biomassa, eólica e solar. Ao mesmo tempo consideramos ser chegada a hora de ingressarmos na era das fontes alternativas de energia. As fontes alternativas de energia vêm através dos tempos ganhando mais adeptos e força no seu desenvolvimento e aplicação, tornando-se uma alternativa viável para a atual situação em que o mundo se encontra, com as crises de petróleo. Todas estas alternativas estão sendo pesquisadas e mesmo implementadas de forma limitada no Estado. Propomos investir de forma a se tornarem fontes realmente viáveis. Para tal, a nossa política deverá ser de apoiar na viabilidade tecnológica e econômica de forma a que estas alternativas se tornem consumíveis da sociedade criando maior independência energética.
AJ: Que ações específicas seu governo pretende desenvolver em relação à educação ambiental?
ACS: A educação ambiental na realidade deve ser aprimorada. Muito tem sido feito por parte das escolas públicas e privadas. Devemos avançar muito mais neste item a ponto de criar mecanismos de que motivem a população.
AJ: Como será a política de seu governo em relação ao setor da silvicultura?
ACS: O setor florestal tem representado importante instrumento na alavancagem do desenvolvimento social e econômico do Estado, com geração de empregos, distribuição de renda, proteção e recomposição do meio ambiente. O reflorestamento mostra ser uma alternativa realmente consistente para gerar emprego e motivador convincente para conservar as florestas nativas.
AJ: A suinocultura corresponde a um dos maiores passivos ambientais no Estado. Que políticas seu governo pretende desenvolver para mitigar esse impacto?
ACS: Precisamos criar formas de promover um trabalho conjunto com as universidades, centros de pesquisa e outras organizações privadas ou públicas pertinentes de forma a construir soluções sistêmicas para criar uma solução criativa pelo uso de tecnologias mais adequadas de forma a buscar o objetivo da emissão zero. O uso de tecnologias adequadas pode gerar outras saídas no lugar de poluir unicamente, por exemplo, mecanismos e formas de geração de gases energéticos que é o início para fechar o ciclo na busca da emissão zero.
Amanhã, leia a entrevista com o candidato César Augusto de Alvarenga (PSDC)
(Por Francis França, Ambiente JÁ, 05/09/2006)