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2006-09-08
Tipo de trabalho: Dissertação de Mestrado

Instituição: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP)

Ano: 2006

Autor: André Toshio Villela Iamamoto
Contato: atviamam@esalq.usp.br

Resumo:

Na cena contemporânea, a questão ambiental tem sido foco de atenção da comunidade científica de diferentes países, subsidiando a formulação de políticas que permitam conciliar a produção com a satisfação de necessidades humanas e a conservação e uso racional dos recursos naturais. No âmbito rural, a agricultura é uma das atividades que mais deterioram o meio ambiente e cujas conseqüências sociais e ambientais adquirem proeminência no debate mundial. Desde a década de 60 do século passado, quando a crise ambiental ganhou espaço na agenda das discussões internacionais da ONU, surgem mundialmente diversas iniciativas que se colocam como alternativas ao padrão tecnológico da agricultura industrial, resultado da chamada revolução verde. Atualmente a visibilidade dessas iniciativas tem se ampliado e, junto com a sua projeção mundial, observa-se o uso indiscriminado de termos como “agricultura sustentável”, “agricultura orgânica”, “agricultura natural”, “agricultura ecológica” a “agroecologia”, seja por desconhecimento de suas distinções, seja motivado por interesses fundamentalmente econômicos na apropriação dessas iniciativas. A presente dissertação propõe-se a um esclarecimento conceitual sobre a Agroecologia considerando os problemas rurais como expressões da sociedade capitalista e do padrão de desenvolvimento hegemônico, cujas interpretações sofrem refrações da atual crise paradigmática da ciência. A pesquisa apresenta uma retrospectiva histórica dos marcos fundantes da Agroecologia no âmbito da Ecologia agrícola através da análise do seu processo de desenvolvimento e enriquecimento teórico, tomando como referenciais os trabalhos de Miguel A. Altieri e de Eduardo Sevilla Guzmán devido a sua projeção internacional e complementaridade das abordagens. A pesquisa identifica um processo de continuidades e rupturas no desenvolvimento histórico da Agroecologia, o que indica a riqueza e, ao mesmo tempo, a complexidade do processo de sua constituição e do tema que abrange, e para além de concepções puramente técnicas e ahistóricas. As continuidades se expressam na incorporação e desenvolvimento do acervo de fundamentos teóricos e conhecimentos técnicos especializados acumulados ao longo de seu processo de formação; e as rupturas encontram-se consubstanciadas na subordinação dessas conquistas ao direcionamento social das pesquisas e ações empreendidas no marco dessa orientação teórica, direcionadas ao desenvolvimento rural. A Agroecologia nessa abordagem, mais que como uma ferramenta para o estabelecimento de sistemas produtivos sustentáveis, afirma a possibilidade de potencializar os processos sociais, resgatando formas de conhecimento e de práticas dos próprios agricultores mediante estratégias metodológicas voltadas ao desenvolvimento rural sustentável. Ela implica a afirmação de um pensamento social crítico – junto a estudantes, profissionais e agricultores - para além da racionalidade instrumental vigente na comunidade científica ocidental.

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